Os anais
históricos revelam que as principais
restaurações foram empreendidas por vigários
que ficaram à frenteda paróquia durante
longos períodos, como é o caso do Padre FAUSTINO
GOMES DE OLIVEIRA (1813 a 1856), que tinha como
coadjutor o Padre FLORÊNCIO GOMES DE
OLIVEIRA. Assim é que, no relatório apresentado
à Assembléia Legislativa Provincial do RN, a 07
de Setembro de 1839, no ítem "Culto
Público", informa o Presidente da Província:
" Que pelas informações do Pároco da Freguesia
eclesiástica do Apodi, consta que a
Igreja-Matriz encontra-se bastante deteriorada, em tal
estado que virá a cair em breve, se por
ventura não lhe acudir com pronto
reparo. Pouco circunstanciadas são as informações
que hei recebido de Párocos,e os orçamentos
mal podem habilitar-me para calcular a
despesa que com este ramo de serviço
público é mister fazer-se".(FONTE: Vide
livro "FALAS E RELATÓRIOS DOS PRESIDENTES
DA PROVÍNCIA DO RN" - 1835-1859 -
Coleção Mossoroense/Fundação Guimarães Duque -
Série G - nº 08 - Abril de 2001).
Baseado nesta informação, depreende-se que a
reconstrução do templo, que veio a ruir no
ano de 1784, fora efetivado de forma
precária e com material de baixa
qualidade.
As doações
feitas por paroquianos desprendidos do
materialismo, representavam pouco, diante as prementes
necessidades estruturais do templo espiritual. Em
25 de Outubro de 1831 o pernambucano GASPAR
DA COSTA, radicado em Apodi, onde residia no
seu sítio "Estreito", fez doação de
parte de terras no sítio denominado
"Garapa", no valor de 50 mil réis para
Nossa Sra. da Conceição da Matriz das
Várzeas do Apodi, tendo como testemunhas à
lavratura da escritura de doação os Srs.
José Sebastião Maia (Avô paterno de Sêo Vicente
Maia) e Antonio Alves de Araújo Maia.
Em 08.10.1853
o Padre FAUSTINO GOMES DE OLIVEIRA
vendeu ditas terras,para arcar com as
despesas destinadas à restauração, cujo leilão
foi realizado em primeira e segunda
mora neste mesmo dia, finalmente vendida em
terceiro lance, no dia 13.11.1853, com lance final
ofertado pelo Sr. FRANCISCO MANOEL DE
OLIVEIRA COSTA (Pai do Padre Joaquim Manoel
de Oliveira Costa - Conhecido como Padre
Barra, odenado em Olinda-PE em 1845), na quantia
de 285 mil réis.
Quase todas as
restaurações feitas na estrutura da
Igreja-Matriz não passaram de arremedos.
Observe-se que ela desabou sobre as campas
no ano de 1784, tendo sido reconstruída de
forma rústica. Somente no ano de 1839 é que
se tem notícia oficial da solicitação do
Pároco de Apodi ao Presidente da Província,
em que fez exposição do acelerado processo de
deterioração em que se achava a Igreja-Matriz. Há
um longo hiato na história da construção
e das reconstruções da Igreja-Matriz. Do
ano de 1760 os relatos históricos dão
um salto para o ano de 1784, para dar
vez a outra lacuna que vai até o ano de
1853, quando o Padre Faustino vende em
leilão parte do patrimônio (terras) para
arcar com despesas da restauração.
Os Presidentes
da Província do RN sempre demonstraram uma
indiferença doentia para com as
necessidades de restaurações da Igreja-Matriz.
Depois do ano de 1839, somente no ano
de 1861 o então Presidente da
Província, fez a avaliação das necessidades
da restauração da Igreja-matriz de Apodi,
nos seguintes termos: "Com o reboco das
paredes, conclusão da obra do átrio, soalho da
torre e corredores, poder-se-á gastar a
soma de 900 réis a 1:000 réis (Um Conto de
réis), segundo informa o Pároco. O cofre
provincial não despendeu ainda qualquer quantia
com os reparos daquela Matriz" (FONTE:
"FALAS E RELATÓRIOS DOS PRESIDENTES DA
PROVÍNCIA DO RN - CM/ FGD - Série G, nº 05 -
Abril de 2001).
Surge nova
lacuna nos anais históricos, no ítem
história das restaurações da Igreja-Matriz,
compreendida entre o período do ano de 1861
até o ano de 1906, quando o dinâmico
e profícuo Padre LÚCIO GOMES GAMBARRA
(1904-1907) empreendeu uma cruzada junto aos Apodienses
que se destacavam como opulentos
comerciantes na praça de Mossoró, os quais
abriram uma lista de subscrições com
recursos que arcaram com as despesas de
cerca de 80% da restauração e da
implantação das arcadas e do oratório
do Senhor Bom Jesus dos Passos. Esses
bravos Apodienses foram os Srs. JOÃO
FERREIRA LEITE, LUIS COLOMBO FERREIRA PINTO (Tio
de Alice Pinto), Coronel VICENTE FERREIRA DA MOTA (Pai
do Padre Mota),FRANCISCO RICARTE DE FREITAS (Dono do Grande
Hotel), Prof. FRANCISCO ISÓDIO DE SOUZA e IDALINO
GOMES PASCOAL, que angariaram mais subscrições
junto aos mossoroenses. O renomado jornal
mossoroense denominado "O COMÉRCIO DE MOSSORÓ",
em sua edição de 12.08.1906, dá enfoque especial
ao júbilo dos Apodienses, com o título
"MATRIZ DO APODY":
"Escrevem-nos
daquela cidade, e movido pelo sentimento de amor à
religião e à pátria amada, que nos evangeliza o santo
evoluir das idéias grandes e sublimas, resolveu o
nosso Vigário Padre Gambarra empreender indispensáveis
reparos em nossa Igreja-Matriz.
O nosso tempo
edificado em sistema antiquado é por demais
imperfeito. Urge agora que o melhoremos,levando-o à
arquitetura moderna. Nesta resolução está fortemente
empenhado o nosso Vigário, à cujo lado acha-se
todo povo Apodiense auxiliando-o na altura de
suas posses. O trabalho está confiado ao
hábil e provecto artista Francisco Paulino,
de Mossoró, que tem nos prendido sobremodo pela
correção do seu serviço e pelo trato lhano e
jovial. O distinto Coronel Queiroz tem se
destacado com o espírito forte e
trabalhador, auxiliando com louvável empenho ao
digno e incansável Vigário. Todo povo
satisfeitíssimo, aguarda o termo dos reparos,
para ficar possuindo um templo belo e majestoso.
Louvamos este santo empreendimento e damos um
brado de avante a tão bom povo e
tão trabalhador Vigário".
A referência ao Coronel Queiroz:
Trata-se da pessoa do comerciante ADELINO JOSÉ DE QUEIROZ, martinense radicado em
Apodi, onde residia neste casarão senhorial onde durante muitos anos residiu a boleira
e doceira dona Cotó. Neste casarão faleceu Adelino, em 16.09.1912, que fora casado
com duas filhas do Prof. Joaquim Manoel Carneiro da Cunha Beltrão, a
segunda núpcias em estado de viuvez. Um filho de Adelino, de nome THOMAZ BELTRÃO
DE QUEIROZ foi Prefeito da cidade de Caxias do Sul-RS, sendo patrono de
uma das principais avenidas daquela cidade do Sul do país.
Marcos Pinto – Historiador e
Presidente da Academia Apodiense de Letras.
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