As tropelias e
correrias causadas pelos indígenas nas
terras que situavam-se entre a margem
direita da lagoa até os sítios
"Santa Rosa", e "Bamburral", atacando
os rebanhos bovinos para assenhorearem-se de
reses, as quais matavam indiscriminadamente para
saciarem sua fome, desencadeou um clima
aterrorizante entre os fazendeiros daquelas
paragens, que reuniram-se para coibirem a danosa
prática do roubo em suas fazendas.
Nesta empreitada, destacaram-se os fazendeiros CAETANO
GOMES DE OLIVEIRA (Origem da família dos Caetanos), FRANCISCO XAVIER
DA COSTA, JOSÉ JOAQUIM DE AMORIM, INÁCIO PEREIRA LONTRA,
VICENTE FERREIRA DE SOUZA, AGOSTINHO PEREIRA DE
OLIVEIRA, JOSÉ DE JESUS DE OLIVEIRA
(Origem da família PINHEIRO) e seus filhos JOSÉ
FRANCISCO PINHEIRO e JOÃO JOSÉ DE JESUS;
MANOEL PEREIRA DO ESPÍRITO SANTO, MANUEL FERNANDES
CAMPOS (Origem da família dos "FONOM"), MANUEL PEREIRA
CASADO, que reunidos aos seus escravos e outros, cercaram
o chefe João do Pega e seus comparsas
na "Lagoa do Bamburral". Fica tal
lagoa à distância de uns oito quilômetros de
Apodi, ao nascente da mesma.
Cercados os
indígenas - ladrões de gado, travou-se violento
combate, tendo sido abatidos nove tapuias paiacus,tendo
falecido três integrantes do grupo repressor. Os fazendeiros
Caetano Gomes de Oliveira, Inácio Pereira Lontra,
Agostinho Pereira de Oliveira e Manuel Fernandes
Campos saíram feridos da refrega. Em
poder do bando indígena existiam três reses
roubadas,além de ter sido encontrada uma grande
quantidade de carne seca. Os mortos
foram enterrados à sombra de uma
frondosa oiticica, situada à margem direita
da lagoa. Provavelmente ainda existem as
pedras colocadas sobre as sepulturas, lembrando
aqueles mortos. Segundo o historiador NONATO
MOTA, aquelas pedras continuavam ali, 114 anos
depois do episódio. (FONTE: Vide livro "APODI SUA
HISTÓRIA" - Válter de Brito Guerra - Coleção
Mossoroense/FVR/FGD - Volume 1145 - Abril de
2000).
A partir
deste ano de 1809 o local do
embate ficou sendo conhecido como
"BAMBURRAL DOS DEFUNTOS", cuja denominação
encontra-se firmada em um processo que
trata de questão de limites de terras entre
os Srs. JOSÉ FRANCISCO PINHEIRO (O segundo deste
nome e filho do 1º) conhecido popularmente como
ZUZA PINHEIRO, nascido no sítio
"Sonharom", no ano de 1856, e os irmãos
JOSÉ MOREIRA DE SOUZA e ANTONIO
MOREIRA DE SOUZA, cuja questão travada na
justiça teve início no ano de 1903,
terminando em 1907. O sítio "Bamburral"
está encravado na antiga "DATA DE
SOBRA DO RAMALHO",como era conhecida aquelas
férteis terras, sendo certo que esta DATA
DE SESMARIA foi concedida ao português JOSÉ
RAMALHO DO ESPÍRITO SANTO (Origem da família
Ramalho, espalhada na várzea do Apodi, Felipe
Guerra e Sítio Mariana) em 13 de
Agosto de 1783. (FONTE: SESMARIAS DO RN -
4º Volume - Coleção Mossoroense/ FVR - Março de
2000).
Considerável
extensão desta DATA DE SOBRA pertenceu ao
Capitão JOÃO FREIRE DA SILVEIRA, na demarcação
que fez em suas terras no ano de
1855, onde colocou um marco no dito
lugar "BAMBURRAL DOS DEFUNTOS". Por
ocasião da perícia no terreno em questão entre
ZUZA PINHEIRO e os irmãos JOSÉ e
ANTONIO MOREIRA, os peritos José Ivo de
Souza e Hermino Tolentino Alves de Oliveira (Avô
do velho Lalá e de sêo Altino Dias) foram
perguntados pelo Juiz de Direito, "Se o
sítio denominado "Lagoa do Bamburral"
ou "Bamburral dos Defuntos" é
encravado na " DATA DE SOBRA DO
RAMALHO" , tendo os referidos peritos respondido
"Que observando os marcos da ilharga
da "DATA DE SESMARIA DO BOQUEIRÃO"
de norte a sul, foi esta fazer triângulo
com a ilharga da "DATA DE SESMARIA SANTA
ROSA", tirada de nascente a poente, e dentro
deste triângulo está a a "DATA DE
SOBRA DO RAMALHO", e dentro desta
última "Data de Sobra" acha-se o sítio
denominado de "Lagoa do Bamburral dos
Defuntos". (FONTE: Processo Judicial de
Demarcação de terras - fls. 24 - 1º Cartório Judiciário
de Apodi).
Marcos Pinto – Historiador e
Presidente da Academia Apodiense de Letras.
Nenhum comentário:
Postar um comentário