sexta-feira, 30 de setembro de 2011

[leia] Lágrimas de crocodilo no retorno de Geraldo Melo ao PMDB

Eu estou cada vez mais convencido que partido não vale nada mesmo. Na rotina da política brasileira o que vale é o projeto individual e a proximidade que esta ou aquela legenda tem do governo de plantão.

Partido forte é o PG - partido do governo. Mesmo assim há político que mantém o discurso de oposição sabendo que o oxigênio do governo, ainda mais federal, é vital para a sobrevivência da espécie Homo Politiquens.
 
Eu fiquei impressionado com as declarações do ex-governador e ex-senador Geraldo Melo ao assinar a ficha de filiação ao PMDB, partido onde iniciou sua vitoriosa carreira política:
 
"Não fui submetido a nenhuma lavagem cerebral para me filiar ao PMDB. O meu compromisso é com o partido no Rio Grande do Norte. Não tenho compromisso com o governo federal, porque isso não foi exigido de mim. O partido sabe do meu posicionamento", declarou. 

Sabemos que Geraldo Melo foi tucano de alta plumagem nos tempos de FHC. É amigo do José Serra, do Tasso Jereissati, do Aécio Neves e de outros políticos do PSDB.
 
Sabemos que Geraldo sempre criticou o governo do PT, o Lula, o José Dirceu e a Dilma.

A gente só não sabe o que Geraldo Melo foi fazer no PMDB, partido comprometido até o pescoço com o governo da presidenta Dilma Rousseff.

Dá para ignorar um detalhe desse tamanho?

O PMDB é governo em Brasília, é governo no âmbito estadual e na maioria dos municípios.

Dá para ser governo aqui e não acolá?
 
Em tempo de eleições, subir neste palanque e deixar de subir noutro?

Para Geraldo Melo deve dar, sim.
 
Geraldo Melo volta ao PMDB que em 2006 lhe negou o apoio para o Senado ou para o cargo de vice-governador. Naquela ocasião, Garibaldi Filho havia fechado aliança com José Agripino Maia entregando alguns dos anéis ao então pefelê, hoje Democratas.
 
O acordo beneficiou Rosalba Ciarlini que assumiu vaga no Senado e pavimentou sua estrada para o governo.
 
O gesto de pura traição política praticamente dizimou as chances de Geraldo Melo para disputa de cargos majoritários.

Sem mandato, Geraldo Melo foi abandonado por correligionários, perdeu o comando do PSDB, perdeu a prefeitura de Ceará-Mirim e perambulou pelo PPS.

Geraldo Melo dá uma demonstração de que não guarda mágoas dos aliados históricos Henrique Eduardo e Garibaldi Filho. Se guarda alguma mágoa, não demonstra por puro pragmatismo político.

Geraldo mira em Ceará-Mirim onde pretende eleger novamente a esposa, Dona Edinólia, ex-prefeita do município.
 
Ao saber que Henrique Eduardo Alves derramou lágrimas e pediu desculpas a Geraldo Melo pelo erro cometido em 2006, eu comentei com os meus botões:
 
- São lágrimas de crocodilo. Henrique Eduardo afirmou esta semana que o PMDB estava certo quando firmou aliança com o grupo da governadora Rosalba Ciarlini em 2006, justamente no ano em que Geraldo Melo, o tucano, foi escanteado.

Dá para acreditar na sinceridade de um choro desse?

Nota final: Garibaldi Filho não marcou presença no ato de filiação de Geraldo Melo. Sem essa de agenda em Brasília ou coisa que o valha. Quando o ministro quer comparecer a algum evento seja batizado, casamento ou um simples enterro, Garibaldi move mundos e fundos para estar presente. Deve ter evitado alguma palavra constrangedora no calor da emoção de quem volta para o aconchego no PMDB.

Diógenes Dantas - NoMinuto

Um comentário:

Anônimo disse...

foi só tapas e beijos