Blog de João Bosco Rabello
Existe a possibilidade
de o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ainda hoje, julgar o pedido de registro
do PSD, legenda fundada sob a liderança do prefeito de São Paulo, Gilberto
Kassab.
[O julgamento, de fato,
começou há pouco.Pode ou não terminar hoje].
Trata-se de um fato
político consumado: um partido que surge com adesão de quase 60 parlamentares
no exercício do mandato, a maioria oriunda do DEM, cuja dissidência criou a
nova sigla.
Mais: em seis meses
estruturou-se em quase todo o país a partir de alianças que antecederam sua
formalização, apoiada em governadores, muitos deles aliados do governo federal.
Sua origem é uma fraude
grosseira produzida pela direção atual do DEM, modificando a ata da Convenção
Nacional do partido que delegara ao seu Conselho Político poderes para definir
alianças e indicar candidatos em todos os níveis.
Destituído desses
poderes de forma ilegal, os integrantes desse Conselho, presidido por Kassab,
entregaram-se à tarefa de fundar outro partido. Nem precisavam: poderiam
respaldar-se nesse delito para migrar para outra legenda sem correr o risco de
infidelidade partidária.
Não o fizeram por duas
razões: a primeira, porque produziriam uma exposição negativa da aliança que
apoiava então José Serra para a presidência da República. Vivia-se o auge da
campanha presidencial.
Em segundo lugar, porque
a simples migração era uma visão míope a nublar a oportunidade maior: a ocupação
de um espaço vazio no quadro partidário nacional, monopolizado por PT e PMDB.
O papel de
centro-direita, outrora representado pelo PFL, não teve continuidade com o DEM,
como era o propósito dos mentores da mudança do nome da legenda. E vagueia à
deriva no Congresso Nacional sem qualquer idéia do que propor na pauta objetiva
dos debates.
Já o PSD, antes mesmo de
reconhecido pela justiça eleitoral, já levou propostas concretas ao Palácio do
Planalto, muitas delas capazes de produzir uma correção de rumos do governo em
áreas estratégicas como infraestrutura, energia, agricultura.
O partido prefere nesse
momento influência a cargos. Não que os despreze, mas resultados objetivos em
áreas de importância estratégica para a legenda são prioridade imediata. Reduzido a 43
parlamentares após a derrota na campanha presidencial, o DEM corre o risco de
ficar ainda menor – com 26 deputados -, caso o TSE aprove o registro do PSD a
tempo de a nova legenda participar das eleições municipais de 2012.
O PSD é o fato político
novo nos últimos anos da política brasileira. Sua consolidação autoriza a
leitura de um reequilíbrio do teatro partidário, hoje um cartel sob hegemonia
de PT e PMDB – atores que submetem qualquer presidente da República.
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