Universitárias tiram blusas em apoio à greve de professores na Ufam (Universidade Federal do Amazonas) |
Estudantes que apoiam a greve dos professores da Ufam
(Universidade Federal do Amazonas) protagonizaram nesta quinta-feira um ato
inusitado em frente ao campus, na zona centro-sul de Manaus. Durante uma
performance, sete alunas tiraram as blusas e escreveram sobre os seios letras
da palavra "educação". Nas costas, escreveram a palavra
"indignação".
Um menino de 10 anos, filho de uma das estudantes,
aparece na foto. No ato, elas pronunciaram a frase: "Educação sem ação é
igual a indignação". Dois homens também aparecem na imagem.
Uma das idealizadoras da performance, Thaís Souza, 19, é
estudante do curso de letras do ICHL (Instituto de Ciências Humanas e Letras).
Ela aparece na foto com uma bandana estampada na cabeça.
Segundo a estudante, a performance foi baseado no teatro
mudo. "A nudez foi um ato egocêntrico, uma afronta, um modo de chamar
atenção para toda educação morta e imunda que a gente está vivendo dentro da
Ufam", afirmou.
O estudante do curso de ciências sociais Douglas Machado,
21, foi responsável por fotografar a performance. Ele disse que a criança, que
aparece na foto, tem 10 anos. É filho da estudante que aparece ao lado do
menino. "Ele quis participar e a mãe deixou. Não impedimos", disse.
A greve na Ufam começou em 17 de maio. Segundo a Adua
(Associação dos Docentes da Ufam), dos 856 professores associados da entidade,
80% aderiram a greve.
Jacob Paiva, professor da Faculdade de Educação e
vice-presidente regional da Andes-SN, afirmou que a performance das alunas foi
um ato autônomo. "É uma forma de protestar, e a juventude usa o corpo para
passar suas mensagens. Nós vemos como uma liberdade de expressão, política e
cultural", afirmou.
Paiva disse que, além das reivindicações, como reestruturação
da carreira docente e reposição salarial, há na pauta local da greve pedidos de
melhores condições de trabalho. "Falta água tratada, banheiros adequados,
livros atualizados, segurança, energia e internet. Isso desmotiva cada vez mais
o trabalho dentro da universidade", afirmou.
Segundo a Ufam, por meio de sua assessoria de imprensa, a
instituição tem mais de 1.900 professores e 28 mil alunos. Em cinco municípios
do Amazonas existem campus onde estudam cerca de 8.000 alunos e trabalham 300
professores.
A Ufam disse que não aderiram à greve as faculdades de
direito e medicina. Ainda segundo a assessoria, a reitora Márcia Perales já
tomou conhecimento do ato em que as estudantes tiraram as blusas, mas se
pronunciará sobre o fato nesta sexta-feira (25).
Fonte: Folha.com
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