O município de Apodi é detentor da emblemática realidade
de ser e ter sido berço de exponenciais figuras culturais e artísticas.
Desnecessário elencar o vasto rol dessas personalidades do pretérito e do
presente.
Analisando-se com acuidade todos os historiadores
conterrâneos que perlustraram o venerando chão da pesquisa, delineando perfís
personalísticos de pessoas que dignificaram os anais da história Apodiense,
restará comprovado que todos eles foram detentores de hábitos recatados e
estilos sóbrios, avessos à badalações e ao incenso.
O abnegado e profícuo historiador Valter de Brito Guerra
foi uma dessas exponenciais figuras. Deus conferiu-lhe extraordinários dotes de
espírito, evidenciados na suave conversação, no trato afável, na discrição sem
malícia, no arrojo sem ruído, na singular constância do bem.
Quando investido em funções de mando sempre dispunha com suavidade. Cumpria sem estrondo e executava com acerto. Ao primeiro contato com ele, observava-se a mansuetude dos homens de bem como característica peculiar, intrínseca.
Não era um espírito
simplesmente contemplativo, posto que ocupava-o o lado prático, a aplicação
possível das metas a serem objeto de êxitos. A exemplo do intelectual
conterrâneo José Matins de Vasconcelos, foi poeta, contista, romancista,
historiador e genealogista, sendo certo que não chegou a publicar trabalhos de
cunho genealógico.
Dotado de inteligência ímpar, com a tenra idade de dez
anos foi o responsável pela elucidação da autoria material do assassinato do
líder político Coronel Francisco Ferreira Pinto, trágico fato ocorrido às 20h30
do dia 02 de Maio de 1934.
Aos primeiros albores do dia seguinte, pessoas designadas
pelo então Delegado de Polícia efetuaram serviços de rastejamento do cavalo
utilizado pelo assassino, tendo sido apreendido o animal e conduzido para o
terreno amurado do prédio da Intendência Municipal, que é o mesmo prédio da
atual Prefeitura Municipal.
Ao ver o ajuntamento de pessoas defronte à Delegacia de
Polícia, que procuravam descobrir a quem pertencia o cavalo, dirigiu-se para
lá, onde reconheceu, de pronto, o cavalo do ex-guarda civil Roldão Maia, cujo
animal ele sempre cuidava quando Roldão visitava Apodi, no que recebia gorjetas
para banhá-lo na lagoa e colocá-lo para pastar na margem.
De forma sutil, o menino Valter chamou o Delegado para
falar-lhe em particular, ocasião em que afirmou ter certeza do real dono do
citado animal.
Informação importante que propiciou condições imediatas
para início do competente Inquérito Policial.
Descendia de tradicionais famílias do Rio Grande do Norte
– Pinto e Brito Guerra, e do Ceará, especificamente de Aracatí – Bezerra de
Menezes, através do patriarca Joaquim Bezerra de Menezes
(Aracati-1835/Apodi-13.04.1904).
Valter nasceu
dentro desse manancial histórico, a 12 de Agosto de 1923, em uma residência
vizinha à Casa Paroquial, na Rua N. Sra. da Conceição. Filho do Advogado
Provisionado Carlos Borromeu de Brito Guerra e de Maria Bezerra Guerra.
Casou com sua prima Antônia Lopes, filha do líder
político e farmacêutico Antonio Lopes Filho e de Armandina de Góis Lopes,
deixando honrada e profícua prole.
A sua estirpe genealógica evidencia a particularidade de
ter sido bisneto (Lado paterno) de dois Deputados Provinciais do RN (cargo
atual de Deputado Estadual), os Coronéis patenteados da Guarda Nacional Antônio
Ferreira Pinto (1832-1909) e Lino Constâncio de Brito Guerra (1846-1932).
Lino era casado com sua tia materna Maria Idalina de
Oliveira, e era filho legítimo do Conselheiro do Império e Barão do Assu Luis
Gonzaga de Brito Guerra e de Mafalda Gomes de Freitas.
Em uma incursão que fiz no livro “Alferes Teófilo
Olegário de Brito Guerra – Um memorialista esquecido” – de autoria do renomado
historiador Raimundo Soares de Brito – Coleção Mossoroense – Vol. CXXXII – Ano
1980 “, e andanças pelos meus alfarrábios, pude traçar o seguinte tratado
genealógico dos “Brito Guerra”, até o nosso homenageado.
Vejamos: José Daniel de Lira – Casou com Olímpia de
Menezes Correia da Cunha, e foram pais de: F.01- Manoel da Anunciação Lira –
Casou com Ana Filgueira de Jesus, filha do Capitão Manoel Carneiro de Freitas e
Delfina Filgueira de Jesus. Foram pais de: N.01- Simão Gomes de Brito
(1790-1827) – Casou a 12.01.1814 com Maria Madalena de Medeiros (Do Seridó)
filha de Manoel Antonio Dantas Corrêia (1769-1840) e Maria José de Medeiros.
Foram pais de: BN.01- Luis Gonzaga de Brito Guerra
(1818-1896) – Casou em primeira núpcias com Maria Mafalda de Oliveira, filha do
Tenente-Coronel Antonio Francisco de Oliveira (1772-1871) e de Mafalda Gomes de
Freitas. Foram pais de: TN.01- LIino Constâncio de Brito Guerra
(23.09.1846/13.05.1932) – Casou com Maria Idalina de Oliveira, filha do
Tenente-Coronel Antonio Francisco de Oliveira e D. Quitéria Ferreira de São
Luís (1822-1897).
Antonio e Quitéria (natural de Aracati-CE) são troncos
genealógicos dos muitos Gurgel Guerra, Brito Guerra, Gurgel de Oliveira e
Gurgel de Brito. Foram pais de: QN.01- Domingos Ernesto de Brito Guerra
(1866-1912). Casou com d. Maria Clara Ferreira Pinto, filha do Coronel Antonio
Ferreira Pinto e dona Claudina Pinto. Foram pais de: PN.01- Carlos Borromeu de
Brito Guerra (Carlinho/Carrim – 1893-1965) – Casou com Maria Bezerra de
Menezes, filha de Adrião Bezerra de Menezes e de Francisca Cândida de Noronha.
Foram pais de: HN.01- Valter de Brito Guerra – Casou em primeira núpcias com
Antonia Nair Lopes, filha de Antonio Lopes Filho e de Armandina de Góis Lopes.
Casou em segunda núpcias com Zilmar Moura, e são pais de: (Dentre outros):
SN.01- Djaíne Guerra – Funcionária Pública do Estado do Ceará.
Tem curso superior concluído em Mossoró-RN. A exemplo do
pai, é dotada de vasto cabedal de inteligência.
Quando faleceu o renomado historiador Câmara Cascudo
perguntaram: E Agora? A quem iremos perguntar sobre a vasta história do RN?
Nesse mesmo diapasão pergunto: E agora, que estão evolados
os laboriosos e profícuos historiadores conterrâneos José Leite e Valter de
Brito Guerra, a quem iremos perguntar sobre a densa historiografia da vetusta
Ribeira do Apodi?
Apodi de São João Batista e Nossa Senhora da Conceição,
aos 16 de Março de 2013.
Marcos Pinto é advogado, pesquisador,
historiador e escritor.
4 comentários:
Marcos Pinto é um grande conhecedor das coisa do Apodi.
GRANDE HISTÓIA.
Obrigado aos dois conterrâneos! Abraçaço.
Não conheço bem Marcos Pinto apenas vejo nos blogs apodiensese seus pensamentos e fico feliz como és bacano e conhece tão bem as histórias do povo de Apodi, vc está de parabéns.
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