domingo, 17 de março de 2013

Tributo ao Historiador Valter de Brito Guerra

Por Marcos Pinto

O município de Apodi é detentor da emblemática realidade de ser e ter sido berço de exponenciais figuras culturais e artísticas. Desnecessário elencar o vasto rol dessas personalidades do pretérito e do presente.

Analisando-se com acuidade todos os historiadores conterrâneos que perlustraram o venerando chão da pesquisa, delineando perfís personalísticos de pessoas que dignificaram os anais da história Apodiense, restará comprovado que todos eles foram detentores de hábitos recatados e estilos sóbrios, avessos à badalações e ao incenso.

O abnegado e profícuo historiador Valter de Brito Guerra foi uma dessas exponenciais figuras. Deus conferiu-lhe extraordinários dotes de espírito, evidenciados na suave conversação, no trato afável, na discrição sem malícia, no arrojo sem ruído, na singular constância do bem.

Quando investido em funções de mando sempre dispunha com suavidade. Cumpria sem estrondo e executava com acerto. Ao primeiro contato com ele, observava-se a mansuetude dos homens de bem como característica peculiar, intrínseca.

Não era um espírito simplesmente contemplativo, posto que ocupava-o o lado prático, a aplicação possível das metas a serem objeto de êxitos. A exemplo do intelectual conterrâneo José Matins de Vasconcelos, foi poeta, contista, romancista, historiador e genealogista, sendo certo que não chegou a publicar trabalhos de cunho genealógico.

Dotado de inteligência ímpar, com a tenra idade de dez anos foi o responsável pela elucidação da autoria material do assassinato do líder político Coronel Francisco Ferreira Pinto, trágico fato ocorrido às 20h30 do dia 02 de Maio de 1934.

Aos primeiros albores do dia seguinte, pessoas designadas pelo então Delegado de Polícia efetuaram serviços de rastejamento do cavalo utilizado pelo assassino, tendo sido apreendido o animal e conduzido para o terreno amurado do prédio da Intendência Municipal, que é o mesmo prédio da atual Prefeitura Municipal.

Ao ver o ajuntamento de pessoas defronte à Delegacia de Polícia, que procuravam descobrir a quem pertencia o cavalo, dirigiu-se para lá, onde reconheceu, de pronto, o cavalo do ex-guarda civil Roldão Maia, cujo animal ele sempre cuidava quando Roldão visitava Apodi, no que recebia gorjetas para banhá-lo na lagoa e colocá-lo para pastar na margem.

De forma sutil, o menino Valter chamou o Delegado para falar-lhe em particular, ocasião em que afirmou ter certeza do real dono do citado animal.

Informação importante que propiciou condições imediatas para início do competente Inquérito Policial.

Descendia de tradicionais famílias do Rio Grande do Norte – Pinto e Brito Guerra, e do Ceará, especificamente de Aracatí – Bezerra de Menezes, através do patriarca Joaquim Bezerra de Menezes (Aracati-1835/Apodi-13.04.1904).

Valter nasceu dentro desse manancial histórico, a 12 de Agosto de 1923, em uma residência vizinha à Casa Paroquial, na Rua N. Sra. da Conceição. Filho do Advogado Provisionado Carlos Borromeu de Brito Guerra e de Maria Bezerra Guerra.

Casou com sua prima Antônia Lopes, filha do líder político e farmacêutico Antonio Lopes Filho e de Armandina de Góis Lopes, deixando honrada e profícua prole.

A sua estirpe genealógica evidencia a particularidade de ter sido bisneto (Lado paterno) de dois Deputados Provinciais do RN (cargo atual de Deputado Estadual), os Coronéis patenteados da Guarda Nacional Antônio Ferreira Pinto (1832-1909) e Lino Constâncio de Brito Guerra (1846-1932).

Lino era casado com sua tia materna Maria Idalina de Oliveira, e era filho legítimo do Conselheiro do Império e Barão do Assu Luis Gonzaga de Brito Guerra e de Mafalda Gomes de Freitas.

Em uma incursão que fiz no livro “Alferes Teófilo Olegário de Brito Guerra – Um memorialista esquecido” – de autoria do renomado historiador Raimundo Soares de Brito – Coleção Mossoroense – Vol. CXXXII – Ano 1980 “, e andanças pelos meus alfarrábios, pude traçar o seguinte tratado genealógico dos “Brito Guerra”, até o nosso homenageado.

Vejamos: José Daniel de Lira – Casou com Olímpia de Menezes Correia da Cunha, e foram pais de: F.01- Manoel da Anunciação Lira – Casou com Ana Filgueira de Jesus, filha do Capitão Manoel Carneiro de Freitas e Delfina Filgueira de Jesus. Foram pais de: N.01- Simão Gomes de Brito (1790-1827) – Casou a 12.01.1814 com Maria Madalena de Medeiros (Do Seridó) filha de Manoel Antonio Dantas Corrêia (1769-1840) e Maria José de Medeiros.

Foram pais de: BN.01- Luis Gonzaga de Brito Guerra (1818-1896) – Casou em primeira núpcias com Maria Mafalda de Oliveira, filha do Tenente-Coronel Antonio Francisco de Oliveira (1772-1871) e de Mafalda Gomes de Freitas. Foram pais de: TN.01- LIino Constâncio de Brito Guerra (23.09.1846/13.05.1932) – Casou com Maria Idalina de Oliveira, filha do Tenente-Coronel Antonio Francisco de Oliveira e D. Quitéria Ferreira de São Luís (1822-1897).

Antonio e Quitéria (natural de Aracati-CE) são troncos genealógicos dos muitos Gurgel Guerra, Brito Guerra, Gurgel de Oliveira e Gurgel de Brito. Foram pais de: QN.01- Domingos Ernesto de Brito Guerra (1866-1912). Casou com d. Maria Clara Ferreira Pinto, filha do Coronel Antonio Ferreira Pinto e dona Claudina Pinto. Foram pais de: PN.01- Carlos Borromeu de Brito Guerra (Carlinho/Carrim – 1893-1965) – Casou com Maria Bezerra de Menezes, filha de Adrião Bezerra de Menezes e de Francisca Cândida de Noronha. Foram pais de: HN.01- Valter de Brito Guerra – Casou em primeira núpcias com Antonia Nair Lopes, filha de Antonio Lopes Filho e de Armandina de Góis Lopes. Casou em segunda núpcias com Zilmar Moura, e são pais de: (Dentre outros): SN.01- Djaíne Guerra – Funcionária Pública do Estado do Ceará.

Tem curso superior concluído em Mossoró-RN. A exemplo do pai, é dotada de vasto cabedal de inteligência.

Quando faleceu o renomado historiador Câmara Cascudo perguntaram: E Agora? A quem iremos perguntar sobre a vasta história do RN?

Nesse mesmo diapasão pergunto: E agora, que estão evolados os laboriosos e profícuos historiadores conterrâneos José Leite e Valter de Brito Guerra, a quem iremos perguntar sobre a densa historiografia da vetusta Ribeira do Apodi?

Apodi de São João Batista e Nossa Senhora da Conceição, aos 16 de Março de 2013.

Marcos Pinto é advogado, pesquisador, historiador e escritor.

4 comentários:

Anônimo disse...

Marcos Pinto é um grande conhecedor das coisa do Apodi.

Anônimo disse...

GRANDE HISTÓIA.

Marcos pinto disse...

Obrigado aos dois conterrâneos! Abraçaço.

Edna Morais disse...

Não conheço bem Marcos Pinto apenas vejo nos blogs apodiensese seus pensamentos e fico feliz como és bacano e conhece tão bem as histórias do povo de Apodi, vc está de parabéns.