A frase é bem batida, mas o contexto sempre
foi o das pessoas. Desde que o mundo é mundo, os jovens servem de referencial
para o futuro, porque serão deles o amanhã e porque este se constrói no hoje,
com a participação incisiva dessa parte da população, ainda que muitos deles
não tenham se dado conta do seu poder enquanto elemento transmutável da
realidade social.
Agora, a educação ganha ares de
investimento de peso. Sim, isso mesmo. A alternativa surgiu após a crise
financeira que assolou os Estados Unidos. Com o estouro da bolha imobiliária, o
país teve que correr atrás do prejuízo e redesenhar seu leque de investimentos
financeiros. Não deu outra: fundos de investimento em educação. A receita?
Captação de recursos para adquirir grupos educacionais reconhecidamente
promissores e investir nos ensinos fundamental, médio e superior.
Como bom copiador do primo rico das
Américas, o Brasil já aderiu a ideia, a exemplo do que fez o carioca Jorge
Paulo Lemann, um dos donos da InBev, que vem a ser a maior cervejaria do mundo.
De olho nos negócios - e no futuro -, o empresário, em associação com dois
outros sócios brasileiros, criou o Fundo Gera Venture de Educação, no Rio de
Janeiro, e já partiu em busca de novos e bilionários investimentos.
Com fortuna avaliada em US$ 21,5 bilhões,
Lemman ostenta o título de mais rico do país e, se chegou a tanto, é porque tem
tino e grande inclinação para os negócios. Portanto, que ninguém duvide, sabe
onde está pisando.
Esse mercado já vinha chamando a atenção
dos investidores brasileiros desde o ano passado, quando a Abril Educação
comprou o Anglo, e o fundo BR Investimentos, parte da Abril Educação, numa
transação estimada em R$ 200 milhões. No mesmo ano, a empresa britânica
Pearson, gigante do mundo editorial, assumiu o controle do SEB - Sistema
Educacional Brasileiro, que detém a propriedade do COC, Pueri Domus e Dom
Bosco, enquanto a Kroton Educacional adquiriu o Grupo Iuni, de ensino superior,
por R$ 600 milhões.
Em virtude da falência do ensino público,
aliado aos alarmantes e irrefreáveis índices de violência nas escolas
sustentadas pelo Estado brasileiro, a rede privada de ensino vem crescendo a
largos passos. Estima-se que, somente com o ensino superior, as instituições
particulares adicionaram 30% de faturamento ao seu caixa em 2013. Foram cerca
de R$ 32 bilhões arrecadados dos quase 5 milhões de alunos universitários.
Diante dessas cifras, resta saber se os
investimentos levarão em conta a seleção e capacitação de professores, bem
assim a consequente qualidade do ensino. Espera-se, também, que o Governo
brasileiro, envergonhado, caia em si e cumpra a promessa de investir na
educação do seu povo, que arca com um dos mais dispendiosos regimes tributários
do mundo.
Quanto a nós, pobres mortais, continuemos
alimentando nossa fé, sem, contudo, deixarmos de lutar pelo nosso futuro, na
exata acepção deste vocábulo. E, quanto ao futuro dos negócios nessa seara, que
haja vontade e boa-fé. E, quem sabe, uma boa dica de Lemann a Eike Batista...
Lígia Limeira, NoMinuto.
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