Que o Rio Grande do Norte
passa por uma enorme crise e uma situação administrativa que beira o caos,
todos nós já sabemos. Que o repasse de recursos federais para obras
estruturantes ajudam o Estado, ninguém tem dúvida.
O que poucos políticos tem
coragem de dizer é que NÃO SERÃO OS RECURSOS FEDERAIS QUE IRÃO MELHOR A ATUAL
SITUAÇÃO DO NOSSO ESTADO.
Isso mesmo, nosso maior
problema é local e de gestão, e não serão recursos federais que irão resolver
esse problema.
Vamos fazer uma comparação com
a vida financeira do cidadão comum. Se você ganha R$ 2.000,00 (dois mil reais)
por mês e tem uma despesa de R$ 3.000,00 (três mil) e uma amigo lhe der dois
carros novos de presente, com a condição de que você não poderá vendê-los, mas,
somente usá-los, sua vida cotidiana ficará melhor? Provavelmente não. Seu
problema consiste em criar mecanismos para diminuir suas despesas e aumentar
sua receita, para isso só existe um remédio: bom gerenciamento. Esse é o maior
problema do Governo do Estado.
Vamos dar alguns exemplos:
- Em Mossoró existem equipamentos que custaram R$
1.000.000,00 (um milhão de reais), doados pelo Governo Federal, e não foram
usados porquê o Estado não consegue construir uma sala adequada e treinar seus
servidores;
- A Secretaria de Segurança devolveu R$ 12.000.000,00
(doze milhões) de reais em recursos federais para reformas das delegacias
porquê não conseguiu atender tecnicamente as exigências do convênio;
- Uma viatura da Polícia Militar na cidade de São Paulo
do Potengi recebe 25 litros de Gasolina por dia, mas tem de vir até Natal para
abastecer, gastando tempo, encarando o trânsito e consumindo o pouco e escasso
combustível;
- O Governo do Estado passou três anos e quatro meses
para poder nomear um cargo comissionado na área de turismo que soubesse falar
inglês.
Muitos são os exemplos de que
o amadorismo e a politicagem geram gigantescos prejuízos administrativos ao
Estado e não serão Recursos Federais que irão resolver estes
problemas.
É claro que se tivermos um bom
projeto administrativo e de desenvolvimento poderemos alavancar nosso
crescimento com a captação de recursos para investimentos em infraestrutura.
Mas, precisamos, paralelamente a isso, arrumar a casa do ponto de vista
administrativo.
Para começar precisamos adotar
critérios técnicos para ocupação dos cargos comissionados, implantar a
meritocracia no serviço público, implantar políticas modernas de gestão, tais
como: planejamento logístico, modernização do sistema de compras, adoção de
índices de desempenho para os secretários. Após isso, precisamos adotar um
plano de desenvolvimento que contemple os setores com maior potencial econômico
do Estado.
Por fim e, fundamentalmente, o
próximo Governador precisa convencer a população que passaremos por uma
reconstrução e mostrar com ATITUDES que podemos mudar o Estado.
A grande transformação do RN
depende de atitudes locais, dos governantes e da sociedade. Recursos Federais
ajudam, mas não resolvem.
Kelps Lima
Deputado Estadual no Rio
Grande do Norte.