É incontestável e atual a corriqueira afirmativa de que a minha amada
terrinha Apodi é a "Capital da Água" do estado. A assertiva prende-se às
qualidades de pureza da água, beirando o grau da nossa apreciada água mineral,
bem como ao fato de que está sendo o principal polo fornecedor do precioso
líquido, para quase todas as cidades do médio e alto Oeste potiguar.
Ao mesmo tempo que nós apodienses inflamos o peito, com justificado
orgulho, por sermos detentor desse importante perfil aquífero, ficamos
entregues a uma silente concepção no que consiste a interrogação da nossa
estranha esquiva em gerirmos com competência e sobriedade técnica o nosso
reconhecido e tão louvado potencial hídrico. Espanta-nos o fato de que,
conforme dados extra-oficiais, cerca de 150 caminhões-pipa saem diariamente
abastecidos com a apreciada água apodiense para abastecer e sanear a escassez
da água de cidades localizadas nas regiões do médio-oeste e alto oeste
potiguar.
Diante a incontestável realidade de que estamos vivendo um triênio das
famosas "secas-verdes" – que são aquelas em que há uma formação de pastagens
para consumo dos nossos animais, porém, sem enchimento de nossos açudes,
barreiros e lagoas, não há como negar que nosso orgulho bairrista da ostentação
de nosso potencial hídrico está literalmente ”banhando” nosso amado rincão com
um indiferentismo doentio, que se espraia com raios de luz perseguindo a
escuridão de nossa ignorância.
Essa injustificada indiferença é aproveitada pelo oportunismo dos
vendedores da nossa água. Simplesmente perfuram pequenos poços artesianos, onde
alcançam o lençol freático em pouca profundidade, cerca de 150/200 metros, e
passam a venderem, de forma aleatória e sem controle, somente ávidos em
auferirem recursos econômicos, sem a necessária preocupação e precaução para um
iminente exaurimento do lençol freático.
É PRECISO que, não somente nós apodienses, mas todas as
autoridades constituídas do estado e do país, atentem para esse consumo
não-controlado do nosso conhecido Aquífero-Assu, uma vez que a sua principal
fonte de recarga que é a nossa Mãe-Lagoa de Apodi está totalmente seca, por
omissão voluntariosa das ex-governadoras Wilma de Faria (PSB) e Rosalba
Ciarlini, bem como dos prefeitos José Pinheiro, Goreti Pinto e o atual Flaviano
Monteiro, que não envidaram esforços no sentido de reconstruírem a ombreira
direita da barragem construída no leito do rio Apodi, destruída na enchente do
ano 2008.
Essa pequena barragem faz o represamento da água oriunda da comporta
aberta da barragem Santa Cruz, que com o refluxo abastece a lagoa via comportas
da ponte da BR-405.
Somente em Dezembro de 2014 é que houve um grito de protesto pela
calamitosa situação da lagoa de Apodi, quando a Colônia de Pescadores Z-48 por
seu profícuo presidente fez a apresentação de projeto para representantes do
governo do estado/ Secretaria de Recursos hídricos e sociedade apodiense, contendo
números, custos e dificuldades para a recuperação da referenciada barragem.
O que ocorre é a falta de conhecimento e conscientização de nossas reais
potencialidades hídricas, como componente da área do famoso Aquífero-Açu. Há
que nos preocuparmos com a iminente queda no nível do nosso lençol freático.
É preciso que o Sr. Prefeito do município de Apodi envie, de forma
célere, um Decreto-Normativo à Câmara Municipal estabelecendo um marco
regulatório quanto ao consumo e venda do nosso indispensável líquido, inclusive
fixando a cobrança de Royalties para consumidores e compradores via
carros-pipa. Assim penso e tenho dito.
Marcos Pinto é advogado e escritor.
4 comentários:
Muito preciso o artigo. Uma realidade nua e crua da situação de nosso lençol.
Muito bem dr. Marcos Pinto, se todos tivesse esse pensamento nosso Apodi seria outro bem diferente
Realmente é bem lembrado, mais não precisava ele falar tanto, deixasse a filosofia pra depois e fosse mais claro na sua opiniaõ que deva pra se ler e entender o q ele quis diser
Advogado? Escritor? Vc só sabe conversar besteira
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