segunda-feira, 25 de abril de 2016

Precisamos falar sobre o impeachment (e a falência do sistema representativo brasileiro)


Por Bruno CORIOLANO

O que estamos acompanhando no Brasil ultimamente, sobretudo nas últimas semanas, não é algo novo. Nosso país ainda é muito ATRASADO (e eu enfatizo tal palavra) em relação a muitas coisas, que prefiro não comentar agora. Certo mesmo é que estamos tendo ótimas oportunidades com o processo do impeachment da atual presidente da República Federativa do Brasil.

Entre tantas incertezas, o que se tornou mais evidente foi a nossa capacidade de especular sobre a nossa própria sorte. Não sabemos o que vai acontecer daqui para frente, mas podemos imaginar que algo irá mudar. Bem, era exatamente isso que todos os lados pediam: Todos nós queríamos mudanças no país, certo?

Não é de hoje que a corrupção está presente nos governos estaduais, municipais e federal. Não podemos nos dar ao luxo de não raciocinar um pouco além da imagem que nos é mostrada pela mídia nacional. Nossa história, embora muito manipulada, pode nos presentear com exemplos infinitos de como o Brasil derrubou e elegeu governos fazendo uso de manobras ilegais. Chegamos também ao ponto termos uma campanha eleitoral cujos candidatos eram senhoras e senhores completamente despreparados para fazer o mínimo que se espera de um candidato a função mais importante da nação: debater seus próprios projetos e mostrá-los para o Brasil, caso da campanha para presidente da república de 2014.

A situação estende-se aos estados e municípios. São notórias as péssimas atuações de alguns dos nossos representantes (incluem-se aqui os gestores). Estes, na sua maioria esmagadora, são seres completamente despreparados e desconhecedores do que é básico para gerir uma cidade e estado.

Começando pela forma como maltratam a língua pátria até as confissões de que eles estão fazendo tudo isso pelos próprios interesses, nossos deputados corroboraram para essa visão que expliquei no parágrafo anterior.

E o qual é a relação disto dito acima com a impeachment? Bem, aquela transmissão patética dos nossos deputados federais vomitando, digo votando, serviu para evidenciar que nossos representantes não representam, de fato, quase nada. Aliás, em suas próprias palavras, eles representam suas próprias filhas, algumas que ainda estão para nascer; seus pais, avós, tios e cadelas e afins (“pelo pai, pela mãe, por Deus, pela neta que ainda não nasceu”).

Será que não chegou a hora de começarmos a exigir uma mudança radical no nosso sistema político? Lembro que política tem sua origem no termo grego politiká, uma conhecida derivação de polis, aquilo que se relaciona com ‘público’. Nesse caso, eu traduziria sistema político, mesmo correndo o risco de simplificar tal termo, como SISTEMA DO POVO. Logo, se pertence ao povo, este deveria ser capaz modificá-lo, certo? Não é tão simples assim! Ao meu ver, este é, na verdade, o grande problema da forma democrática na sob a qual vivemos. Estamos sob o regime democrático conhecido como Democracia Representativa e nesta, as pessoas escolhem seus representantes que tomam as “decisões por todos nós”.

No episódio do impeachment, porém, percebi que muitos brasileiros tiveram a maravilhosa oportunidade de ver em ação, já que é algo que não fazemos corriqueiramente, nossos representantes expondo tudo aquilo que nos dá nojo. Uma verdadeira demonstração de “vergonha alheia”, como dizemos na linguagem popular que está em voga nas redes sociais e nas ruas.

O grande benefício disso tudo, entretanto, foi que agora sabemos a importância de pensar bem antes de escolher nossos deputados (estaduais e federais). Este, aliás, é outro grande problema que temos que encarar: a questão do coeficiente eleitoral, ou o que ficou popularizado como “efeito Tiririca”. Não chegou a hora de deixarmos esse modelo de lado? (Eu só questiono, não trago solução).

Um benefício secundário do episódio de domingo, dia 17 de abril de 2016, foi a abertura para outras cassações, o que chamo de efeito manada inesperado. Ou seja, a ideia de que uma ação vai levar a outra, que só acontecerá depois que um passa a ideia e o restante segue a manada.

Com a cassação, abrimos a mente para que possamos comparar situações e podermos assim questionar se determinadas atitudes dos nossos prefeitos, vereadores, deputados, senadores e governadores também não são passiveis de igual punição. (Eu só problematizo, não sugiro que seja feita).

Explico melhor essa minha ideia de efeito manada inesperado: com o nosso tradicional exagero em fazer as coisas aqui no Brasil, não é difícil prever que os brasileiros irão encontrar nos processos de impedimento e cassação a saída mais rápida para mandar um recado aos nossos representantes. (Algo parecido com o que acontece com os sindicados dos professores, ao meu ver).

“Não deu certo, vai sair!”. Não tenho dúvidas que os deputados não pararam para pensar nisso. Eles estavam muito focados na possibilidade de mandar a “batata quente” para o Senado Federal e devem apenas ter pensado em votar pela família, moral, ética e bons costumes; união do país; no cachorro, gato e afins, e não repararam que “onde passa um boi, passa também uma boiada”.

Em Apodi, o impeachment pode ter ajudado a abrir os olhos da população, pois seus representantes, mais especificamente um certo deputado invisível (se é que representa algo), acabou por levantar uma onda de insatisfações ao proferir que sua decisão se deu depois de conversas com o presidente do seu partido (P alguma coisa).

Ora bolas, mas o presidente de tal partido nem do Rio Grande do Norte é, e não deu ao nobre senhor nenhum um único voto para que ele conseguisse a manutenção do seu cargo lá na Câmara, certo? Não trato aqui da opção no voto (a favor ou contra o impeachment), mas da sua justificativa “Pela união do Brasil, com fé nas nossas instituições e pela retomada do crescimento...”).

Será que também não chegou a hora de pensar em unir a cidade (embora pareça utópico) e lançar o(s) representante(s) da própria região? Esse povo não cansa de acreditar em promessas vazias vindas daqueles que só visitam a cidade quando querem garantir votos para a manutenção dos seus interesses próprios?

Fica aqui a reflexão, mas o certo é que qualquer que sejam nossos próximos passos, teremos um novo presidente da República, terceiro do PMDB sem nunca ter sido eleito diretamente, distribuindo, (quase que) literalmente, as cartas. QUE COMECEM OS JOGOS!

10 comentários:

Anônimo disse...

otima reflexao

Anônimo disse...

BOM!!!!!!!!!!!! MUITO LONGO, MAS BOM!

Anônimo disse...

Processo contra Cunha no Conselho de Ética completa 90 dias úteis. Nós vamos mudar P*#$%r@ nenhuma.

Anônimo disse...

Cunha vai cair ou não? Se não cair, nós estamos lascado

Marcos pinto disse...


PARABÉNS pelo excelente e oportuno artigo nobre conterrâneo. Como dizia minha saudosa avó e valente matriarca dona Nicinha de Aristides Pinto: "Quem vem aos seus não degenera". Com essa brilhante reflexão você evidencia a mesma sapiência do seu trisavô e historiador pioneiro da Ribeira do Apodi Manoel Antonio de Oliveira Coriolano. Continue a nos presentear com a sua brilhante retórica. Abraço.

Anônimo disse...

Excelente texto,m as vc acha mesmo que oposição e posição iriam lançar candidato único para alguma coisa. essa cidade nao pensar em crescer pesa em ganhar eleiçoes

Anônimo disse...



Boa visão doa nossa triste realidade. Tbm axo que devemos pensar mais nessas coias

Anônimo disse...

“Pela união do Brasil, com fé nas nossas instituições e pela retomada do crescimento...” foi de lascar

Anônimo disse...


É... Parece que faz sentido isso. Já começou em Mossoró. Vamos ver se esse efeito manada faz sentido. Eu não tinha parado pra pensar por esse lado. Tome peia.



O vereador Tomaz Neto (PDT) não para. Ele vai entrar amanhã com um requerimento pedindo o afastamento do prefeito Francisco José Junior (PSD). “Eu já estou encaminhando o pedido. Todos os setores de Mossoró estão parados e as suspeitas de corrupção são as mais diversas”, frisou.

O parlamentar disse que está preparando o documento para apresentar amanhã.

Se a por maioria simples, a Câmara Municipal acatar a iniciativa é aberto um processo administrativo nos moldes do que tramita contra o presidente da casa Jório Nogueira (PSD).

O Blog do Barreto procurou o líder do governo Soldado Jadson (SD) para comentar o assunto, mas ele encontrava-se com o celular desligado.


http://blogdobarreto.com.br/2016/04/26/tomaz-pedira-afastamento-do-prefeito/

Bruno Coriolano disse...

Marcos pinto, obrigado pelas palavras. Somente agora pude ver seu comentário. Um abraço! Isso é apenas uma reflexão. Posso mudar de opinião e estou aberto a sugestões e um bom papo!
Boa noite!