sábado, 16 de julho de 2016

A vingança da “guerreira”

Nas eleições de 2014 o prefeito de Natal Carlos Eduardo (PDT) não resistiu de abrir mão da parceria político-eleitoral com o então vice-governador e candidato a governador Robinson Faria (PSD) para apoiar a candidatura do primo ex-ministro Henrique Alves (PMDB).

Era a reunificação da família Alves, que sairia do pleito com a vitória certa de Henrique governador, o que deixaria o conglomerado político-familiar ainda mais forte.

A vitória de Henrique não veio, mas a união dos primos foi selada. Por consequência, Carlos Eduardo ficou com o PMDB de Henrique e do senador Garibaldi Alves Filho como parceria de palanque. Entendia-se, naquele momento, que todos os Alves no mesmo projeto se tornariam invencíveis.

Por isso, Carlos Eduardo fez pouco caso de sua vice, Wilma de Faria, que saiu das urnas em 2014 derrotada pela petista Fátima Bezerra na disputa pelo Senado Federal, além de ter enfrentado, em seguida, problemas graves de saúde, fazendo com que alguns antecipassem o fim da “guerreira”.

Era como se os Alves tivessem decidido “apagar” Wilma do cenário político, não levando em conta o seu histórico e perfil de vencedora. Eduardo decidiu apagar o passado de parceria com Wilma, esquecendo, inclusive, que ele chegou à Prefeitura, em 2002, quando ela lhe entregou o cargo para ser candidata ao Governo do Estado.

Desdenhar Wilma, porém, não foi bom negócio. Apostar no fim de sua carreira, um erro. Prefeita três vezes da capital, com gestões até hoje aprovadas pela população, não poderia ter sido desprezada.

Agora, véspera do início da campanha eleitoral, a vice-prefeita “assombra” o prefeito e coloca-se, com o seu cartel de vitórias eleitorais, sobretudo em Natal, como fiel da balança da disputa que se aproxima. Não que Wilma continue poderosa como antes. Ela não é mais a mesma. Fato. Mas tem um quinhão do eleitorado da capital preservado, capaz de ditar o ritmo e o rumo da sucessão.

Quem imaginava o seu anonimato, certamente surpreende-se com romaria de políticos, de todas as cores e naipes, frequentando o seu apartamento em busca de sua simpatia, inclusive o próprio Carlos Eduardo. Ele sabe que o efeito Wilma levará a disputa para o segundo turno e nessa segunda parte muito dificilmente conseguirá renovar o mandato.

Agora é tarde.

E nem o pedido de aliados de Eduardo para afastar os primos do palanque e manter Wilma como a sua vice, mudará o cenário que se desenha. A vice-prefeita é consciente de sua situação, sabe o que foi feito pelas suas costas, e tem a certeza do que ela poderá fazer de frente.

Sem perdão.

Por César Santos

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