Nas eleições de 2014 o prefeito de Natal Carlos Eduardo (PDT) não
resistiu de abrir mão da parceria político-eleitoral com o então
vice-governador e candidato a governador Robinson Faria (PSD) para apoiar a
candidatura do primo ex-ministro Henrique Alves (PMDB).
Era a reunificação da família Alves, que sairia do pleito com a vitória
certa de Henrique governador, o que deixaria o conglomerado político-familiar
ainda mais forte.
A vitória de Henrique não veio, mas a união dos primos foi selada. Por
consequência, Carlos Eduardo ficou com o PMDB de Henrique e do senador
Garibaldi Alves Filho como parceria de palanque. Entendia-se, naquele momento,
que todos os Alves no mesmo projeto se tornariam invencíveis.
Por isso, Carlos Eduardo fez pouco caso de sua vice, Wilma de Faria, que
saiu das urnas em 2014 derrotada pela petista Fátima Bezerra na disputa pelo
Senado Federal, além de ter enfrentado, em seguida, problemas graves de saúde,
fazendo com que alguns antecipassem o fim da “guerreira”.
Era como se os Alves tivessem decidido “apagar” Wilma do cenário
político, não levando em conta o seu histórico e perfil de vencedora. Eduardo
decidiu apagar o passado de parceria com Wilma, esquecendo, inclusive, que ele
chegou à Prefeitura, em 2002, quando ela lhe entregou o cargo para ser
candidata ao Governo do Estado.
Desdenhar Wilma, porém, não foi bom negócio. Apostar no fim de sua
carreira, um erro. Prefeita três vezes da capital, com gestões até hoje
aprovadas pela população, não poderia ter sido desprezada.
Agora, véspera do início da campanha eleitoral, a vice-prefeita
“assombra” o prefeito e coloca-se, com o seu cartel de vitórias eleitorais,
sobretudo em Natal, como fiel da balança da disputa que se aproxima. Não que
Wilma continue poderosa como antes. Ela não é mais a mesma. Fato. Mas tem um
quinhão do eleitorado da capital preservado, capaz de ditar o ritmo e o rumo da
sucessão.
Quem imaginava o seu anonimato, certamente surpreende-se com romaria de
políticos, de todas as cores e naipes, frequentando o seu apartamento em busca
de sua simpatia, inclusive o próprio Carlos Eduardo. Ele sabe que o efeito
Wilma levará a disputa para o segundo turno e nessa segunda parte muito
dificilmente conseguirá renovar o mandato.
Agora é tarde.
E nem o pedido de aliados de Eduardo para afastar os primos do palanque
e manter Wilma como a sua vice, mudará o cenário que se desenha. A
vice-prefeita é consciente de sua situação, sabe o que foi feito pelas suas
costas, e tem a certeza do que ela poderá fazer de frente.
Sem perdão.
Por César Santos
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