Por Marcos Pinto
A chamada Revolução
Pernambucana, também conhecida como Revolução dos Padres, foi um movimento
emancipacionista que eclodiu em 6 de março de 1817, na então Capitania de
Pernambuco, no Brasil, culminando em 19 de Maio do
mesmo ano.
Dentre as suas causas,
destacam-se a influência das ideias Iluministas propagadas
pelas sociedades maçônicas (sociedades secretas), a crise econômica regional,
o absolutismo monárquico
português e os enormes gastos da Família Real e seu séquito recém-chegados
ao Brasil — o Governo de Pernambuco era obrigado a enviar para o Rio de Janeiro
grandes somas de dinheiro para custear salários, comidas, roupas e festas da
Corte, o que ocasionava o atraso no pagamento dos soldados, gerando grande
descontentamento do povo brasileiro.
Foi o único movimento
separatista do período colonial que ultrapassou a fase conspiratória e
atingiu o processo revolucionário de tomada do poder. Câmara Cascudo,
historiador-mar do Rio Grande do Norte definiu esse movimento como “…A mais
linda, inesquecível e inútil das Revoluções brasileiras. Em
relação a então Capitania do Rio Grande do Norte, a região Oeste assume
papel relevante promovendo intercâmbio com as Capitanias do Ceará e Paraíba.
Assumiu proporções com
magnitude de vulto, que chegavam a ofuscar as conspirações engendradas na
cidade de Natal.
Essa temática suscitou um
longo processo investigativo que soma o decurso de quatro décadas, em que colhi
subsídios diversos e dispersos constantes em obras famosas, citando-se as que
tratam sobre a história do RN, dos célebres historiadores Tavares de Lira,
Rocha Pombo e Câmara Cascudo.
Destaca-se, ainda, a
famosa Coleção denominada “Documentos Históricos”, publicada pela Fundação
Biblioteca Nacional, Divisão de Obras raras, no ano de 1955, Volumes CV a CX.
Esse artigo não representa
trabalho didático. Costumo fugir dos planos metódicos e da aridez dos
compêndios. Constitui mais um processo de resgate dos protagonistas e
heróis que se sacrificaram pela causa da independência do país, promovendo
o bem coletivo e o progresso da nação.
Quando faz abordagem sobre
esse movimento separatista no RN, o historiador Rocha Pombo cita a região do
Apodi como foco irradiador desse ideal revolucionário, para as Vilas de
Portalegre, Martins e Pau dos Ferros.
Em Portalegre e Pau dos Ferros
eram comandados pelos Padres João Barbosa Cordeiro e Manoel Gonçalves da Fonte,
respectivamente. Observa-se marcante desenvoltura desses padres, em suas
pastorais e efusivos discursos nos púlpitos de suas paróquias.
Na devassa feita por
determinação da Corte portuguesa radicada no Brasil, são citados os nomes dos
levantados do Apodi, com ênfase para os Capitães do Regimento de Milícias
das Várzeas do Apodi José Francisco Ferreira Pinto, José Ferreira da Mota (O 1º
deste nome), Manoel Freire da Silveira. O contato dos revolucionários
apodienses com Pernambuco eram feitos pelo Capitão José Ferreira da Mota
que, disfarçado de comprador de gado, se dirigia até à cidade de
Olinda, onde o seu filho de igual nome, estudava no Seminário, onde
ordenou-se em 1820.
Esse notável Clérigo nasceu na
fazenda “Santa Cruz” no ano de 1797, tendo falecido – acometido pelo
‘Cólera morbos” – na Vila de Brejo do Cruz, no ano de 1862.
Dentre o vasto
referencial aos fatos desse movimento
revolucionário em terras do Apodi, sobressai-se a revel de que o
belo lugar de nome “Passagem Funda”, encravado no célebre “Brejo do Apodi”, era
valhacouto dos revolucionários da Região Oeste, destacando-se os irmãos
Domingos Alves Ferreira Cavalcanti (Falecido a 02.10.1830), Manoel Januário
Bezerra Cavalcanti (Residia no Ceará) e
Capitão Antônio Alves Ferreira Cavalcanti,
residente em Portalegre, depois na Serra do
Martins.
Em torno desse retumbante
movimento revolucionário, cita-se, ainda, os relevantes serviços
prestados pelos irmãos João Saraiva de Moura e David Leopoldo
Targino, filhos do Capitão-mor Geraldo Saraiva de Moura, que casou em
segunda núpcias com Rita Maria de Jesus, pernambucana, filha do primeiro
Padre da Paróquia de Apodi João da Cunha Paiva (1766-1776), patriarca
dessa tradicional família da região Oeste potiguar.
Não olvidemos, também, a
pessoa do Capitão Agostinho Pinto de Queiroz, comandando os ideais
revolucionários na dadivosa Serra do Martins. Essa figura de vulto passou
dois longos anos preso nos cárceres da Bahia.
Esses dados sobre os irmãos
Moura foram colhidos do livro “Velhos Inventários do Oeste Potiguar”, de
autoria de Marcos Antônio Filgueira – Coleção Mossoroense – série C –
Volume 740 – ano 1992.
Logo que os revoltosos
souberam do aniquilamento do movimento revolucionário, ocorrido em 19 de
Maio de 1817, aderiram imediatamente ao comando da Corte portuguesa.
Para escapar da sanha
perseguidora pós-revolução, o indômito apodiense Capitão José Francisco
Ferreira Pinto resolveu transferir sua residência para a Vila Rio
Preto, na Província de Minas Gerais, de quem descende o renomado
banqueiro (Dono do Banco Itaú) e político mineiro Magalhães Pinto.
Inté.
Marcos Pinto é
advogado e escritor.
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