terça-feira, 27 de setembro de 2011

[espaço do leitor] Apontamentos para a história do Sítio "Passagem Funda"

Feudo  territorial  da  tradicional  família  nordestina  CAVALCANTI.  O  sítio  "Passagem  Funda"  foi  o  primeiro  embrião de   núcleo  estradeiro  do  município  de  Apodi.  Surgiu  como  local  de  repouso  e  abrigo  para  comboeiros  que  desciam  a  região  do  alto  oeste  com  destino  à  Mossoró, para  onde  levavam  algodão  e  voltavam  carregados  com  sal  e  outros  gêneros  mercantis.  Até  o  ano  de  1948  ligava  as  longínquas  áreas  povoadas  do  interior  ao  efervescente  comércio  de  Mossoró.  O  trajeto  desta  estrada, começando  do  Apodi, e  seguindo  pela  várzea  até  "Passagem  Funda"  e  Mossoró, fazia-se  a  travessia  do  rio  em  20  lugares  distintos.  Resultou  daí  o  aperfeiçoamento  constante  de  antigas  rotas, com  a  consagração  de  novos  caminhos  vicinais.  Além do  mais, favoreceu  o  máximo  aproveitamento    do  escasso  elemento  humano  para  a  ocupação  territorial.

O  sítio  "Passagem  Funda"  é  um  ameno  recanto  protegido  por  íngremes  escarpas  da  serra  do  Apodi.  Proporcionava  a  improvisação  de  estabelecimentos  curraleiros  para  o  descanso  das  caravanas  comerciais -  os  conhecidos  comboios  - que demandavam   rumo  à  Mossoró, formando  tráfego  intenso  de  mercadorias  várias.  Ao  fluxo  comercial  acresceu-se  a  chegada   de povoadores, como  consequência  de  prolongadas  irregularidades  climáticas, os quais  passavam   a  dedicarem-se  ao  cultivo  do  arroz,alho, batata  doce  e  feijão.

Nas  abordagens  históricas  empreendidas  em  antigos  inventários,  deparamo-nos  com  o  inventário  do  patriarca da  família  CAVALCANTI, o  Sr. DOMINGOS  ALVES  FERREIRA  CAVALCANTI,    que   chegou  em  "Passagem  Funda"  no  ano  de  1805, vindo  da  Paraíba, região  de  Bananeiras.  Era  irmão  do  revolucionário  de  1817 (Revolução  Pernambucana)  Manoel  Januário  Bezerra  Cavalcanti  e  do  Capitão  Antonio  Alves  Ferreira  Cavalcanti, comandante  militar  e  residente  na  então Vila  de  Portalegre. Domingos  casou com  sua  parente  Maria  Joana do  Espírito  Santo.  Domingos  faleceu  na  sua fazenda  "Passagem  Funda"  a   20  de Outubro  de  1830,  e  sua  esposa  Maria  Joana  na  mesma  fazenda   a  06  de  Junho  de  1862, deixando  os  seguintes  filhos, dos  quais  descendem  todos  os  ALVES  e  CAVALCANTI  dos  atuais  municípios  de Apodi  e  Felipe Guerra:

F.01- MARIA  CLARA  ALVES  BEZERRA  CAVALCANTI  -  Casou  com  o  Capitão  Vicente  Ferreira  Pinto (o  2º  deste  nome) e  foram  pais  do  Coronel  Antonio  Ferreira  Pinto,  do  Apodi.
F.02- FRANCISCA  ALEXANDRINA  BEZERRA  CAVALCANTI  -  Casou  com seu  primo  José  Joaquim  Bezerra  Cavalcanti  Jr. (Do  Assu-RN).
F.03- DOMINGOS  ALVES  FERREIRA  CAVALCANTI  JR. -  Casou  na  Matriz  do  ICÓ-CE  a  08.07.1834  com  Maria  Felícia  de   Jesus,filha  de  Manoel  Moreira  Maia e  Ana  Felícia de  Jesus.
F.04- A  F.11 -  MANOELA, JOÃO  RÉGIS  CAVALCANTI, JOSÉ  ALVES  CAVALCANTI, MARIANA, ANTONIO, ANTONIA, TRISTÃO  e  MARIA  ANGÉLICA.

A   matriarca  AGOSTINHA  DONATA  DE  SOUZA  faleceu  no  sítio  "Passagem  Funda"  em Dezembro  de  1889, aos  33  anos  de  idade, e era  filha  de  Bonifácio  José  Ferreira  e Donata  Marques  de  Sena.  Era  casada  com  o  Sr. LEONARDO  BEZERRA  CAVALCANTI, e  foram  pais  de:

F.01-  JOSÉ -  Nasceu  em  1882.
F.02-  ANTONIO -  Nasceu  em  1886.
F.03-  ANTONIA -  Nasceu  em  1885.
F.04-  ISOLINA  RITA  CAVALCANTI - Que  é  a  mesma  ISOLINA  BEZERRA  CAVALCANTI - Casou  com  o  Sr.  JOSÉ  RAIMUNDO  DE SOUZA,  e  foram  pais  do  Sr.  JÚLIO CAVALCANTI DE  SOUZA, Auditor Fiscal, casado  com  dona ALICE  EZILDA  DE  GÓIS.

Marcos Pinto – Historiador e Presidente da Academia Apodiense de Letras.

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