sábado, 10 de setembro de 2011

[leia] Blogosfera potiguar: evoluídos e primatas. Leia com atenção…


Em 2004, a empresa americana de comunicação O’Relley Media chamou de “web 2.0″ a segunda fase de uso/expansão da internet. A colocação definia àquela época o que hoje é fato: a interação de usuários através de redes sociais e canais de informação. A notícia deixou de ser bem e virou moeda. Com tanta liberdade assim, os limites andam cada vez mais elásticos.

A circulação de notícias de todo tipo ancorada na facilidade de diluição, fez da internet uma Babel. Os blogs incorporaram a nova tendência, deixaram de ser diários com confissões descartáveis e assumiram o caráter pretensioso de novos veículos de mídia e jornalismo.
Desviando os olhos do macro e focando na realidade local, é palpável o paradoxo enfrentado pela horda de blogueiros potiguares, principalmente os que lidam com a politicagem. A ferramenta de moderna comunicação foi incorporada ao fazer jornalístico. O que não aconteceu com a linguagem e pior: trouxe consigo todos os vícios das velhas redações.

Distorcendo a tese de Millôr Fernandes, boa parte da blogosfera política potiguar faz jornalismo na base do incômodo (disfarçado de oposição), para tentar vender seus secos e molhados. A tradução de “web 2.0″ e “liberdade de comunicação” em bom potiguês quer dizer: “o que eu não posso publicar no jornal que paga o meu salário, serve pra ser negociado no meu blog”.

A errônea noção de que na internet tudo é possível, vestiu os velhos hábitos com a roupa nova da modernidade. Muito embora não haja como esconder as pelancas de sempre. A título de informação circulam boatos, intrigas, fofocas, análises (ou a falta de capacidade em fazê-lo) capengas – quando não risíveis – sobre pesquisas, coligações, agentes políticos e cobranças públicas de interesses privados.

Na avalanche de “notícias” oficiosas, postadas como se fossem oficiais ou grandes furos, anula-se o cuidado de guardar o que foi impresso, como nos velhos tempos. Inclusive pelo leitor.

O blogueiro potiguar da politicagem virou uma espécie de vidente da notícia. Prevê e publica no atacado, acerta no varejo (justamente o óbvio) e não tem que prestar contas dos seus erros. Afinal, um post pode ser deletado, ter a hora de publicação alterada ou simplesmente ser esquecido. O tempo que se gasta buscando a “barriga” é o suficiente para perder a intriga/boato/fofoca/”análise” da última hora. O circulo é vicioso.

Incensados por comentaristas que mais parecem torcidas organizadas (como se houvesse de fato lutas políticas por estas bandas e não um imenso teatro de bonecos), os blogueiros potiguares da politicagem viram mulas, como no tráfico. Cada um trafica a sua droga a mando de um chefe maior embutido nas notinhas e nos “fatos” repercutidos. Ou pior: esperando que apareça alguém para negociar. Os usuários estão por toda parte. O percentual de pureza dessa droga é cada vez mais baixo.

Só o tempo, que trará à tona o que é real ou apenas interesse sujo no que é divulgado por um blogueiro hoje, pode reparar o erro em que agora incorrem e induzem os maus jornalistas. É impossível, até por ser recente, medir o estrago e o alcance que essa novidade representa para uma campanha eleitoral e na percepção que um eleitor/internauta pode ter dos protagonistas do pleito. Pode ser que isso não custe a derrota numa eleição, mas certamente custará a credibilidade de muitos.

A higienização do espaço virtual depende, nessa fase de uso da rede mundial de computadores, do leitor/internauta. A atenção deve ser dobrada. Afinal, está cada vez mais difícil, posto que os nomes são aparentemente respeitáveis pelo tempo que trabalham no meio, separar quais os blogueiros potiguares da politicagem evoluíram em caráter e linguagem daqueles que continuam os primatas de sempre.

Por Rodrigo Levino

Nenhum comentário: