Se observarmos a maneira como se constrói educação em
outros países, perceberemos que no Brasil a coisa é feita de forma alheia, sem
objetivos claros e sem critérios como a realidade social servindo de suporte
para o sistema educacional. Nesse país, muitos pregam que “a educação é a solução para
os problemas”. Mera fantasia. Essa visão é muito simplista e
carrega para a lama muitos anos de pesquisas e estudos de intelectuais que
vieram antes mesmo de muitos de nós começarmos a dá os primeiros passos e juntar
as primeiras sílabas.
Talvez um dos grandes problemas seja a incompetência que
o estado tem em administrar. Isso mesmo, o estado brasileiro não mostra
competência nesse setor. Falar em educação pública já implica dizer que a
qualidade é bastante questionável. E quem está dizendo isso não é o autor desse
texto, pelo menos, não sozinho. Se nos basearmos nas evidências, e temos que
fazer isso, perceberemos que educação não passa de um mero instrumento dos
discursos políticos. Daqueles famosos discursos divorciados da prática.
Criamos tantos mitos ao longo da história, que muitos até
associam a educação pública a uma forma de educação gratuita. Uma tremenda
inverdade. “Como o
estado pode manter uma educação de qualidade, se o mesmo não tem dinheiro?”
Esse é o discurso de sempre. Pois, se “eles” não sabem, a educação é paga com o
dinheiro dos impostos recolhidos do povo.
Mas se o estado coleta dinheiro público e não fornece
ensino de qualidade, podemos concluir que ele, o estado, é incapaz. Claro que a
lógica não é tão simplista assim. O sistema responsável pela educação
pública, assim como diversos outros setores também públicos, é guiado por
pressões políticas e não importa o tamanho dos fracassos causados pelo mesmo,
quando pelo menos fracassam, sempre haverá mais recursos disponíveis. Mais
coletas de impostos. Não se tem dinheiro para educação, mas para criar mais
cargos públicos como vereadores, por exemplo, existe recurso.
Melhorar a educação pública nesse país parece ser um
convite para sair dos muros da escola e adentrar em questões relativas à
cidadania. Não se pode querer resolver o problema de um setor, sem envolver os
outros. Não podemos dizer que apenas o sistema de ensino público está
sucumbindo, mas a saúde, segurança e outros setores também. O público não
funciona nesse país.
O problema na educação brasileira está relacionado a
questões sociais. Qual criança, que não tendo um prato de comida à mesa e que
precise trabalhar para ajudar a família, vai encontrar sentido ou motivação em passar
horas nas salas de aula estudando coisas que nem os professores sabem quando
serão colocadas em prática?
Apenas fornecer educação não resolve nenhum problema.
Veja o exemplo de Cuba, país onde o analfabetismo praticamente não existe mais.
Naquela ilha, tanto um médico quanto um garçom recebem igualmente. Salários
iguais para responsabilidades diferentes. Não desmerecendo a segunda profissão,
mas destacando que em medicina se estuda bem mais, acredito ser injusto.
Eu diria que não resolve problema algum ter muitos
médicos formados e bem instruídos,
se eles não irão usar seus conhecimentos no mercado de trabalho, que muitas
vezes, em Cuba, se encontra sem vagas. Pensem comigo, esse não foi um exemplo
de “investir em educação”? Claro que sim, mas faltou pensar no pós-estudo.
Depois de terminar os estudos, os aprendizes, agora recém-formados, terão lugar
no mercado? Será que o Brasil pensa nisso quando aponta seus números mentirosos
de avanço nesse setor?
Como vimos ao longo da história desse país, não é tão
simples resolver qualquer problema na educação, mas a abertura para a discussão
entre governo e sociedade parece ser o caminho mais coerente e viável. Romper
com a visão de que educação somente é feita na escola e pensar a sociedade como
educadora são pré-requisitos para uma escola pública de boa qualidade. Temos
que parar de imitar o modelo errado e seguirmos os exemplos de países como
Finlândia (desse país eu falo mais tarde).
Por Bruno
Coriolano de Almeida Costa.
Um comentário:
GONZAGÃO
Luiz "Lua" Gonzaga, o Gonzagão, se ainda vivo estivesse, hoje estaria completando 99 anos de idade. Informação passada por Kydelmir Dantas.
Postar um comentário