quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

[leia] Educar é ir além dos muros da Escola

A nossa educação pública, de uma forma geral, não vem atingindo os resultados esperados em provas como ENEM. As universidades não formam cidadãos preparados para o mercado de trabalho e muitos alunos de licenciatura perderam o desejo de atuar em sala de aula após receberem o canudo da graduação. Esses acontecimentos são fatos. Mas o que surgiu há anos foi o questionamento em relação aos mesmos: por que o sistema educacional brasileiro não prospera?

Se observarmos a maneira como se constrói educação em outros países, perceberemos que no Brasil a coisa é feita de forma alheia, sem objetivos claros e sem critérios como a realidade social servindo de suporte para o sistema educacional. Nesse país, muitos pregam que “a educação é a solução para os problemas”. Mera fantasia. Essa visão é muito simplista e carrega para a lama muitos anos de pesquisas e estudos de intelectuais que vieram antes mesmo de muitos de nós começarmos a dá os primeiros passos e juntar as primeiras sílabas.

Talvez um dos grandes problemas seja a incompetência que o estado tem em administrar. Isso mesmo, o estado brasileiro não mostra competência nesse setor. Falar em educação pública já implica dizer que a qualidade é bastante questionável. E quem está dizendo isso não é o autor desse texto, pelo menos, não sozinho. Se nos basearmos nas evidências, e temos que fazer isso, perceberemos que educação não passa de um mero instrumento dos discursos políticos. Daqueles famosos discursos divorciados da prática.

Criamos tantos mitos ao longo da história, que muitos até associam a educação pública a uma forma de educação gratuita. Uma tremenda inverdade. “Como o estado pode manter uma educação de qualidade, se o mesmo não tem dinheiro?” Esse é o discurso de sempre. Pois, se “eles” não sabem, a educação é paga com o dinheiro dos impostos recolhidos do povo.

Mas se o estado coleta dinheiro público e não fornece ensino de qualidade, podemos concluir que ele, o estado, é incapaz. Claro que a lógica não é tão simplista assim.  O sistema responsável pela educação pública, assim como diversos outros setores também públicos, é guiado por pressões políticas e não importa o tamanho dos fracassos causados pelo mesmo, quando pelo menos fracassam, sempre haverá mais recursos disponíveis. Mais coletas de impostos. Não se tem dinheiro para educação, mas para criar mais cargos públicos como vereadores, por exemplo, existe recurso.

Melhorar a educação pública nesse país parece ser um convite para sair dos muros da escola e adentrar em questões relativas à cidadania. Não se pode querer resolver o problema de um setor, sem envolver os outros. Não podemos dizer que apenas o sistema de ensino público está sucumbindo, mas a saúde, segurança e outros setores também. O público não funciona nesse país.

O problema na educação brasileira está relacionado a questões sociais. Qual criança, que não tendo um prato de comida à mesa e que precise trabalhar para ajudar a família, vai encontrar sentido ou motivação em passar horas nas salas de aula estudando coisas que nem os professores sabem quando serão colocadas em prática?

Apenas fornecer educação não resolve nenhum problema. Veja o exemplo de Cuba, país onde o analfabetismo praticamente não existe mais. Naquela ilha, tanto um médico quanto um garçom recebem igualmente. Salários iguais para responsabilidades diferentes. Não desmerecendo a segunda profissão, mas destacando que em medicina se estuda bem mais, acredito ser injusto.

Eu diria que não resolve problema algum ter muitos médicos formados e bem instruídos, se eles não irão usar seus conhecimentos no mercado de trabalho, que muitas vezes, em Cuba, se encontra sem vagas. Pensem comigo, esse não foi um exemplo de “investir em educação”? Claro que sim, mas faltou pensar no pós-estudo. Depois de terminar os estudos, os aprendizes, agora recém-formados, terão lugar no mercado? Será que o Brasil pensa nisso quando aponta seus números mentirosos de avanço nesse setor?

Como vimos ao longo da história desse país, não é tão simples resolver qualquer problema na educação, mas a abertura para a discussão entre governo e sociedade parece ser o caminho mais coerente e viável. Romper com a visão de que educação somente é feita na escola e pensar a sociedade como educadora são pré-requisitos para uma escola pública de boa qualidade. Temos que parar de imitar o modelo errado e seguirmos os exemplos de países como Finlândia (desse país eu falo mais tarde).


Por Bruno Coriolano de Almeida Costa.

Um comentário:

Anônimo disse...

GONZAGÃO
Luiz "Lua" Gonzaga, o Gonzagão, se ainda vivo estivesse, hoje estaria completando 99 anos de idade. Informação passada por Kydelmir Dantas.