segunda-feira, 19 de março de 2012

[leia] Padre Philipe Bourel em Apodi - Raimundo Pinto

PADRE PHILIPE BOUREL DE Agripi (Missionário Jesuíta) 

Raimundo Marinho Pinto 
(Esmiuçador de Biografias e de Fatos Históricos) PHILIPE BOUREL

Primeiro aqui quero parabenizar e louvar a idéia e iniciativa do cidadão Nuremberg Ferreira de Souza, em nome dos demais idealizadores do requerimento protocolado na Câmara Municipal, pelo Cidadão Cézar Silva, veio a tornar-se projeto de lei sob o nº 012/2011, registrado no livro 001; folhas 89, cujo teor é denominar o Calçadão da Lagoa do Apodi – Complexo Turístico Padre Philipe Bourel de Agripi – nome do primeiro padre estabelecido em terras de Apodi e construção de monumento com placa alusiva ao fato histórico e com a réplica da primeira tela pintada no Rio Grande do Norte, que retrata o falecimento do referido padre. 

Aproveitando o ensejo, também quero humildemente dar a minha contribuição como “esmiuçador” de biografias e de fatos históricos, ao descrever aqui quem foi o Padre Felipe Bourel de Agripi, isso com o objetivo de levar ao conhecimento das pessoas que ainda não estão a par, especialmente os mais jovens, estudantes de história, além das novas gerações que virão no futuro, para que, assim, não se perca no espaço do tempo essa história iniciada no ano de 1700, ou seja, há mais de três séculos, segundo o historiador Olavo de Medeiros. 

Por falar de biografias no início, há poucos dias terminei de ler o livro “QUEM É QUEM” na história do Brasil, com 500 biografias de personalidades, tais como: artistas, líderes políticos, empresários, escritores, cientistas, atletas, cineastas, religiosos, cantores e compositores, como Luis Gonzaga, “O Reio do Baião”. Aliás, dentre as biografias das personalidades citadas temos a primeira mulher mandatária no Brasil, a princesa Isabel, que em 13 de maio de 1888, assinou a lei áurea, tornando extinta a escravidão no Brasil. Além dos estadistas do século, como Getúlio Vargas, Juscelino Kubtschek (JK), Tancredo Neves e o Dr. Ulysses Guimarães. Por último deixo a minha mensagem a todas as pessoas de modo geral que, leiam o que for do seu alcance. Ler é descobrir conhecimentos. Certa vez disse o grande sábio Rui Barbosa, “Uma casa sem livros é como um corpo sem alma”. 

VAMOS ENTÃO, A HISTÓRIA DO PADRE PHILIPE BOUREL EM TERRAS DO APODI: 

“A chamada guerra dos Bárbaros, ou levante' do Gentio Tapuia, ocorrida nas quatro décadas que medeiam os anos de 1683 e 1725, foi um dos episódios mais dramáticos da História da antiga Capitania do Rio Grande. Concedidas as primeiras datas e sesmarias no interior da Capitania, com a finalidade de expandir-se a criação de gado, ocorreu a reação dos Tapuias contra a presença dos curraleiros no sertão por eles habitado. 

À medida em que os indígenas iam sendo vencidos pelo Terço dos Paulistas, eram eles coagidos a se aldearem nas missões religiosas, como foi o caso dos Tapuias Paiacus, do grupo étnico ­cultural Tarairiú, aldeados á beira da Lagoa do Podi, ou Apodi. No dia 10 de janeiro de 1700, uma terça-feira, o padre jesuíta Philipe Bourel, alemão de Agripi, na Almenha, fundou a Missão de São João Batista da Lagoa do Apodi, no local que passou a receber a denominação de Córrego da Missão. 

O Padre Philipe Bourel viera do Colégio da Companhia de Jesus, na Bahia, na qualidade de missionário apostólico. A respeito do alemão, dedicou o escritor Dom Domingos de Loreto Couto, autor do livro Desagravos do Brasil e Glorias de Pernambuco, impresso no ano de 1757, os mais louváveis elogios. 

Segundo aquele escritor, o Padre Philipe Bourel teria ressuscitado uma criança indígena, já sepultada, batizando-a em seguida. Entregue a criança a sua mãe, teria a mesma vivido mais alguns dias ... Naquele ano de 1757, ainda existia na Capela do Apodi um quadro retratando o episódio milagroso. 

O padre jesuíta Serafim Leite, autor da HISTÓRIA DA COMPANHIA DE JESUS NO BRASIL, nos fornece variadas informações sobre a presença do Pe. Philipe Bourel naquela Missão do Apodi. 

No ano de 1709, a Aldeia dos Paiacus da Lagoa do Apodi foi atacada pelos indigenas Janduins, que apesar de pertencerem ao mesmo grupo Tarairiu, eram ferrenhos inimigos daqueles paiacus. No ataque desferido pelos referidos Janduis, contra os 600 Paiacus aldeados no Apodi, aprisionaram os atacantes 80 individuos e mataram 70. 

Graças à informação que nos foi prestada por Eudes Galvão, recentemente falecido em Buenos Aires, tomamos conhecimento da existência do quadro "Morte do Padre Philipe Bourel", pertencente ao acervo do Museu Nacional de Belas Artes (Av. Rio Branco, 199 - Rio de Janeiro-RJ). Com a ajuda prestada por Paulo Fernanges de Albuquerque Maranhão, conseguimos uma cópia da referida tela, no tamanho de 74 x 62 centímetros, a qual será oportunamente doada ao nosso Instituto Histórico e Geográfico. 

O quadro "Morte do Padre Philipe Bourel", do autor desconhecido da Escola Portuguesa do Seculos XVIII, e a primeira tela da mencionada Escola que registra uma paisagem do Brasil. Até então a arte profana e o registro de paisagens das colônias portuguesas, como o Brasil, eram objeto de proibição pela Escola! 

A referida tela foi adquirida em Londres, em 1964, pelo nosso embaixador Afrânio de Melo Franco, e posteriormente doado pela embaixatriz Germina de MeIo Franco, em atenção ao desejo expresso de seu marido, aquele Museu de Belas Artes. 

No centro do quadro aparece uma rústica cabana, coberta de buriti, em cujo interior repousa o corpo agonizante do Pe. Philipe Bourel, deitado sobre um leito também de palha. Dois portugueses assistem-lhe os últimos minutos de vida. Em volta do sacerdote, alguns indígenas choram lhe a morte iminente.” 

(Fonte: APODI NO PASSADO E NO PRESENTE, Válter de Brito Guerra,1995) 



Segundo o historiador Olavo de Medeiros esta tela é a pintura feita no RN, em 1709, em Apodi .

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