segunda-feira, 28 de outubro de 2013

Artigo: Nos dias de hoje, a seca é uma opção política

Atualmente temos visto em vários meios de comunicação reportagens sobre a falta de chuvas que castigam o Brasil, principalmente o Nordeste. A região passa por uma das maiores secas já vista nos últimos anos que vem causando danos irreversíveis à vida de muitos sertanejos. Nesse contexto de chuvas irregulares, a estiagem acarreta impactos socioeconômicos que prejudicam principalmente os agricultores, que perdem seus rebanhos, plantações e até mesmo correm risco de vida. Tudo isso é sentido em todo o país, como por exemplo, o aumento no preço dos alimentos.

Diante dessas informações, um fato é evidente: a falta de chuvas é realmente um fator climático, mas a seca, a fome, a miséria não! Podemos afirmar sem medo de errar que a fome e a miséria são frutos do total desrespeito dos políticos com os diretos humanos, colocando intencionalmente a culpa na falta de chuvas, tirando o “corpo de fora” de suas responsabilidades políticas. Por que não ao invés de só ficar assistindo o sofrimento do povo sem fazer nada, não se criam políticas públicas voltadas para o estoque de água? Por que não ensinar aos homens técnicas que amenizassem as perdas nesse período? Por que não usar o conhecimento científico e o domínio da tecnologia com projetos voltados para a seca? Talvez já saibamos por que isso ainda não foi feito, porque combater a fome e a miséria não vai de encontro aos interesses do estado brasileiro! Para se ter uma ideia do descaso com o povo, um estudo revela que a região Nordeste é a mais açudada do mundo, com 70 mil açudes nos quais são armazenados 37 bilhões de m³ de água, o que daria para suprir a falta de água, e ainda revela que fazer a transposição desses açudes sairia muito mais barato do que a obra de transposição do Rio São Francisco, a qual custou milhões de nossos impostos e que talvez nunca seja concretizada. Alguns projetos do governo federal como as cisternas, o bolsa estiagem, os carros pipas vêm amenizando um pouco o problema da falta de água, mas isso não resolve a situação diante do cenário da seca.

Sabemos que todos têm o mesmo direito de viver no planeta, de usufruir de seus recursos e de cuidar dele igualmente, mas o que vivenciamos é um fato angustiante: mais de 12 milhões de nordestinos sofrendo com a falta de chuvas, as quais vêm causando miséria e desespero. Outra verdade é que os mesmo que excluem são os que mais destroem a natureza. Não devemos aceitar tanta desigualdade! Chega de demagogia! Chega de desprezo e de falta de vontade da classe política! Precisamos de renovação de princípios tanto em relação ao meio ambiente como no meio social, pois são vidas que estão em risco. Precisamos urgentemente de políticas públicas que preparem os sertanejos para viverem com dignidade!

por Moésia de Oliveira Marinho Nascimento

Aluna da especialização em Educação Ambiental e Geografia do Semiárido-IFRN/EaD.

Um comentário:

Anônimo disse...

Muito bem colocado.
Vi recentemente uma matéria num jornal aqui da região falando a respeito, e ainda tem gente que acha que se esta cobrando a CHUVA do prefeito, porém entendi muito bem, e o que colocou aqui, deixa mais claro ainda. A chuva DEUS manda, porém amenizar o impacto da falta de água é dever do municipio.