Agricultores (as) dos
municípios de Apodi e Severiano Melo participaram de um Intercâmbio Interestadual
realizado pelo Centro Terra Viva nos dias 2 e 3 de setembro. Na ocasião, as
famílias beneficiárias do Programa Uma Terra e Duas Águas (P1+2) conheceram
algumas experiências com sementes crioulas apoiadas pelo PATAC (entidade da
Paraíba) e pelo Coletivo Regional do Cariri, Seridó e Curimataú que é uma
articulação de agricultores/as e de organizações sociais formais e informais.
No primeiro dia as famílias
visitaram o Sítio Capoeira, no município de Cubati, onde conheceram um pouco da
história e as experiências de um grupo formado por sete mulheres que foram
beneficiadas com as tecnologias da Articulação do Semiárido Brasileiro no final
dos anos 90. Atualmente, as “Mulheres
Camponesas do Semiárido” articulam o trabalho agroecológico no município
onde moram e incentivam outras famílias a garantirem sua soberania alimentar
através de um banco de sementes comunitário e do beneficiamento de poupa de
frutas. “Nós consideramos as cisternas como a porta de entrada que deu origem a
outros trabalhos na nossa comunidade, porque foi a partir daí que nós nos
engajamos nesse coletivo e retomamos as discussões sobre banco de sementes que
estavam esquecidas”, revelou Solange, agricultora do Coletivo.
Feira
As Mulheres Camponesas do
Semiárido também são idealizadoras de uma Feira Agroecológica realizada uma vez
por mês no município de Soledade. A “Bodega” que também fica localizada na
cidade de Soledade/PB é o ambiente onde cerca de doze agricultores (as)
cadastrados tem espaço para comercializar e divulgar os seus produtos. De acordo com as Mulheres Camponesas a feira
conta com o apoio da EMATER e da Secretaria de Agricultura do município.
Sementes da paixão
Ainda dentro das atividades do
Intercâmbio os agricultores (as) visitaram o Banco Regional de Sementes,
composto por onze municípios do Cariri paraibano. Localizado no Sítio Caiana,
em Soledade, o banco é uma espécie de “santuário”
reservado para guardar as sementes crioulas trazidas pelos agricultores.
Conforme representantes do Coletivo Regional e do PATAC, “esse trabalho garante a soberania do agricultor (a), que deixa de
depender das sementes doadas pelos governos, não servindo mais como troca de
votos”.
Ainda de acordo com o Coletivo
Regional, a lógica de funcionamento de um banco de sementes acontece de forma
solidária, ou seja, se as famílias agricultoras que fazem o repasse das sementes
não precisarem delas no momento do plantio, essas sementes são repassadas a
outras famílias que precisam e que ainda não são sócias do banco, garantindo a
soberania de todos (as).
Preservação
Alguns cuidados devem ser
tomados na hora de preservar as sementes para que elas estejam aptas para plantio
no próximo. Secar as sementes antes de armazená-las, guarda-las em garrafas pet
e enchê-las até o topo, vedar bem o recipiente, não guardar em recipiente
molhado, não conservar com veneno e evitar o contato do recipiente com o chão
são alguns cuidados que dão maior vida útil às sementes. Por outro lado, a pimenta do reino, a casca
de laranja, a cinza e a castanha ajudam no tempo de vida das sementes
conservadas.
Avaliação
Ao final do Intercâmbio os
agricultores (as) perceberam a importância da conservação das sementes para
garantia do plantio em anos posteriores, assegurando também o alimento na mesa
das famílias. “Somente vendo como é a
maneira de viver do outro é que a gente se dá conta da riqueza que há em nossas
terras. Lá nós temos capacidade de produzir alimentos livres de agrotóxicos,
garantindo saúde e renda, mas o que nós faltava era esse incentivo”,
revelou o agricultor Praxiteles Michelson Alves, do Sítio Floresta, em
Severiano Melo.
O Intercâmbio é uma atividade bastante
interessante, que faz parte dos Projetos da ASA que possibilita ao agricultor
(a) de ver na prática experiências exitosas, despertando a curiosidade e o
interesse para fazer também seus próprios experimentos nos locais em que vivem.
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