A
chuva não molha o chão faz tempo. E o sol, feito um braseiro, maltrata tudo que
é ser vivente. A paisagem do semi-árido potiguar nunca foi tão hostil, mas
também o momento nunca foi tão alentador. Em muitas comunidades
socioeconomicamente vulneráveis – dessa e de outras partes do Rio Grande do
Norte – os moradores estão deixando apenas de sonhar e ter fé e passando a ver
perspectivas reais de melhorar de vida. E isso sem precisar mudar de lugar; apenas
trabalhando e produzindo com o que tiram da terra e de suas tradições.
Um
dos principais catalisadores dessa mudança de cenário – senão o principal – é o
projeto RN Sustentável, que com recursos do Banco Mundial deve injetar no
interior do Estado, nos próximos cinco anos, 540 milhões de dólares. O dinheiro
será usado para ajudar grupos produtivos organizados em associações e
cooperativas a desenvolver e escoar sua produtividade.
Há
dez anos, o grupo começou a processar, de forma totalmente manual, as frutas
produzidas por seus maridos agricultores e transformá-las em polpa. O negócio
prosperou. O beneficiamento deixou de ser artesanal, a empresa conseguiu a
certificação dos produtos junto ao Ministério da Agricultura (MAPA), mas hoje
parou de crescer porque precisa de uma segunda câmara fria para acondicionar a
produção. O equipamento será adquirido com recursos da ordem de R$ 280 mil,
através do RN Sustentável, e é com ele que a miniagroindústria de polpas poderá
quase triplicar sua produção, passando dos 4.000 quilos atuais para 10.000
quilos.
A
Associação de Mini-produtores de Córrego e Sítios Reunidos (AMPC),
localizada no Sítio Córrego, em Apodi, a 10 km da sede do município
e a 75 km de Mossoró, foi outro grupo que teve seu projeto selecionado.
A
associação foi constituída em 1993, com o objetivo de estruturar e organizar os
agricultores familiares de Córrego e comunidades vizinhas para o
desenvolvimento da produção agrícola, particularmente o aproveitamento da
castanha de caju. Possui 212 associados, sendo 80 mulheres e 40 jovens, todos
envolvidos com a cultura do cajueiro. Em sua sede, há uma unidade de
beneficiamento de castanha, mas que atualmente não está funcionando devido à
baixa produção dos cajueiros, afetados pela seca, e também porque falta uma
máquina para automatizar o corte da castanha – última etapa da linha de
beneficiamento do produto.
A
marca, a associação já tem – Terra Firme – e também os outros maquinários,
adquiridos com recursos da Fundação Banco do Brasil. O corte é feito de forma
artesanal, um processo lento, pesado e insalubre, para o qual é difícil
encontrar mão de obra. “Não tem quem faça esse serviço”, diz Luiz Eujânio
Jeracino, presidente da associação a Tribuna do Norte.
Com
os recursos aprovados junto ao RN Sustentável, no valor de R$ 330.000, a AMPC
vai comprar a máquina de corte de castanha, ampliar o galpão de estoque e
investir na renovação dos pomares, hoje bastante envelhecidos.
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