segunda-feira, 22 de dezembro de 2014

Projetos levam esperança ao campo em Apodi

A chuva não molha o chão faz tempo. E o sol, feito um braseiro, maltrata tudo que é ser vivente. A paisagem do semi-árido potiguar nunca foi tão hostil, mas também o momento nunca foi tão alentador. Em muitas comunidades socioeconomicamente vulneráveis – dessa e de outras partes do Rio Grande do Norte – os moradores estão deixando apenas de sonhar e ter fé e passando a ver perspectivas reais de melhorar de vida. E isso sem precisar mudar de lugar; apenas trabalhando e produzindo com o que tiram da terra e de suas tradições.

Um dos principais catalisadores dessa mudança de cenário – senão o principal – é o projeto RN Sustentável, que com recursos do Banco Mundial deve injetar no interior do Estado, nos próximos cinco anos, 540 milhões de dólares. O dinheiro será usado para ajudar grupos produtivos organizados em associações e cooperativas a desenvolver e escoar sua produtividade.

Há dez anos, o grupo começou a processar, de forma totalmente manual, as frutas produzidas por seus maridos agricultores e transformá-las em polpa. O negócio prosperou. O beneficiamento deixou de ser artesanal, a empresa conseguiu a certificação dos produtos junto ao Ministério da Agricultura (MAPA), mas hoje parou de crescer porque precisa de uma segunda câmara fria para acondicionar a produção. O equipamento será adquirido com recursos da ordem de R$ 280 mil, através do RN Sustentável, e é com ele que a miniagroindústria de polpas poderá quase triplicar sua produção, passando dos 4.000 quilos atuais para 10.000 quilos.

A Associação de Mini-produtores de Córrego e Sítios Reunidos (AMPC), localizada  no Sítio Córrego, em Apodi, a 10 km da sede do município e  a 75 km de Mossoró, foi outro grupo que teve seu projeto selecionado.

A associação foi constituída em 1993, com o objetivo de estruturar e organizar os agricultores familiares de Córrego e comunidades vizinhas para o desenvolvimento da produção agrícola, particularmente o aproveitamento da castanha de caju. Possui 212 associados, sendo 80 mulheres e 40 jovens, todos envolvidos com a cultura do cajueiro. Em sua sede, há uma unidade de beneficiamento de castanha, mas que atualmente não está funcionando devido à baixa produção dos cajueiros, afetados pela seca, e também porque falta uma máquina para automatizar o corte da castanha – última etapa da linha de beneficiamento do produto.

A marca, a associação já tem – Terra Firme – e também os outros maquinários, adquiridos com recursos da Fundação Banco do Brasil. O corte é feito de forma artesanal, um processo lento, pesado e insalubre, para o qual é difícil encontrar mão de obra. “Não tem quem faça esse serviço”, diz Luiz Eujânio Jeracino, presidente da associação a Tribuna do Norte.

Com os recursos aprovados junto ao RN Sustentável, no valor de R$ 330.000, a AMPC vai comprar a máquina de corte de castanha, ampliar o galpão de estoque e investir na renovação dos pomares, hoje bastante envelhecidos.  

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