domingo, 28 de agosto de 2016

A família Cavalcanti na Ribeira do Assu - achegas à nobiliarquia pernambucana

Por Marcos Pinto.

Verificando   minuciosamente   os  documentos  oficiais  do  final  do  Sec.  XVII   existentes  no  vetusto  acervo  do  venerando  Instituto  Histórico  e  Cultural  do  Rio  Grande  do  Norte - (IHGRN),  resta  sobejamente  comprovado  que  todo o  processo  de  colonização  e  povoamento  da  região  do  Assu  está  intrinsecamente  ligado ao  combate  à  indiada  hostil, cujo movimento bélico  passou a ser  denominado de  "A  GUERRA DOS  BÁRBAROS" (1687-1697).

Surge  daí  a  certeza  de  que  a  Ribeira  do  Assu  constituiu  uma  importante  corrente  de  colonização  da  região  do  Oeste  potiguar, citando-se como exemplo  o  caso  da  família  NOGUEIRA  FERREIRA, oriunda da  Paraíba, comandada  pelo  bandeirante  Manoel  Nogueira  Ferreira, que  antes  de  fundar  a  cidade  do  Apodi  em  1680, requereu e conseguiu  uma   concessão  de  "Data de Sesmaria"  na  região  do Assu, tendo  desistido  da mesma, após  ter  descoberto  as  paradisíacas  paragens  do  rincão  Apodiense.  Com certeza  o  célebre bandeirante  seguira  as  veredas  indígenas  que  faziam o  intercâmbio  dos  Janduís  do  Assu  com  os  tapuias  Paiacus  da  lagoa  do  Apodi.   As  tradicionais  famílias  do  Assu  descendem  de  bravos  homens  que  participaram  do  combate  aos  índios  Janduins, destacando-se as  famílias  SOARES, do  bravo  combatente  nonagenário  Manoel  de  Abreu  Soares, RODRIGUES  SANTIAGO, do  Capitão  Manoel  Rodrigues  Santiago, VIEIRA DE  MELO, do  fundador  do  Arraial  de Nossa  Senhora  dos  Prazeres (Atual  Assu) Bernardo  Vieira de  Melo.

Até meados do séculos XVIII, a terra rica em lavoura e pecuária do vale do rio Açu era habitada pelos janduís, nome do chefe indígena que se estendeu à tribo. Nessa época, o homem branco já havia começado a explorar os potenciais da região, gerando amplo conflito de interesses com os índios. O homem branco partia para a criação bovina, enquanto os janduís consideravam legítima a caça ao gado. 

Devido à intensidade das lutas entre brancos e índios, um grande conflito, conhecido como a guerra dos Bárbaros, marcou a década compreendida entre 1687 a 1697.

Em  1696, Bernardo Vieira de  Melo, então  Governador da  Capitania  do  Rio  Grande, colocou-se  à  frente de  uma  pequena expedição e  fundou  à  margem esquerda  do  Rio  Açu  ou  Piranhas  o  Arraial de  Nossa  Senhora  dos  Prazeres, ponto de reforço  para  a conquista do  sertão.  Instalou-se com seus soldados no novo arraial, iniciando  o aldeamento  dos  índios  e  assegurando  o estabelecimento dos  colonos. Surgiu  daí  o povoado com a  denominação de  "Povoação de São João  Batista da  Ribeira do  Açu".  Aos  perscrutadores  da  genealogia  assuense,  sugiro  que  comecem  a  pesquisa   pela  leitura  da  lista  dos  nomes  dos  estóicos  homens  que  compunham  o famoso  "Terço  dos Paulistas".

Como  contumaz  leitor  da  celebrada  obra  exponencial  da  genealogia  nordestina  intitulada  de  "NOBILIARQUIA  PERNAMBUCANA",  Volumes  II  e  IV, pude encontrar  os liames  genealógicos  da  nobre  família  CAVALCANTI   na  Ribeira  do  Assu.  Houve  tempo  em  Pernambuco  em  que  predominava  um  famoso  bordão  de  que "Quem  não era  CAVALCANTI  era  cavalgado".  Como  leitor  contumaz  da  exponencial  obra de  genealogia  nordestina  intitulada  "NOBILIARQUIA PERNAMBUCANA", pude encontrar  os  liames  genealógicos desta  nobre  família  na  Ribeira  do  Assu, nos  Volumes  II  e  IV. esta  família  é das  mais  antigas  e  nobres  de  Pernambuco, onde teve  princípio  em  FELIPE  CAVALCANTI, ilustre  fidalgo  natural  de  Florença, na  Itália, filho de  João  Cavalcanti e  de  Genebra  Manelli.   Segue esboço  genealógico:

* FELIPE CAVALCANTI (Vol.II, pág. 413) - Casou  em  Olinda-PE  com  CATHARINA  DE  ALBUQUERQUE, filha de  Jerônimo  de  Albuquerque  e  da  índia  MARIA DO E. SANTO  ARCOVERDE, filha  do   Principal  dos  Tabajaras, que habitavam em  Olinda.  Foram  pais  de:

F.01- ANTONIO CAVALCANTI  DE  ALBUQUERQUE (1º - Vol. II, pág. 415) -  Casou  com  ISABEL  DE  GÓES, filha de  Arnaud  de  Holanda, Natural de  Utrech, na  Holanda, e de  Brites  Mendes de  Vasconcelos, sendo  neta  paterna  de  Henrique de  Holanda  de  Renenburg  e  Margarida  Florencia, irmã  do  Papa  Adriano  IV.  Foram pais  de:

N.01- ISABEL CAVALCANTI. (Vol. II, pág. 419): - Casou a  primeira  vez  com  MANOEL GONÇALVES  DE CERQUEIRA, filho de  Pedro  Gonçalves  de  Cerqueira, por  apelido "Peru  Pecú"  e  Catharina  de  Frielas.  Foram pais  de:

BN.01- ANTONIO  CAVALCANTI  DE  ALBUQUERQUE (Vol. II, pág. 420): Conhecido  com  o nome  de  Antonio  Cavalcanti, o da  guerra.  Aos seus prudentes  conselhos  deveu  João Fernandes  Vieira  a  resolução  de  restaurar  Pernambuco. Faleceu  durante  a  GUERRA  HOLANDESA  em  1645, em Igarassu, comandando  tropas  que  iam em socorro a  Goiana-PE. Casou  com MARGARIDA  DE  SOUZA, filha de  Antonio  de  Oliveira, português, e Leonarda  Velho.  Foram  pais de:

TN.01-  JOÃO CAVALCANTI  DE  ALBUQUERQUE (Vol. II, pág. 423):  A quem chamaram "O de  Santana", por ser  Senhor  deste  Engenho, na  Freguesia de  Santo  Amaro  de  JaboatãO.   Em  1645  já se achava  casado  com MARIA  PESSOA,  filha de  Arnaud  de  Holanda  Barreto, Senhor  do  Engenho de  São  João, da  Freguesia  de  São Lourenço da  Mata-PE, e de  Luísa  Pessoa.  Foram pais  de:

QN.01- FRANCISCO  XAVIER  CAVALCANTI. (Com sucessão  na  região  Oeste  Potiguar, que será  objeto de  outro artigo).

QN.02- BERTULESA  CAVALCANTI -(Vol. II, págs. 424 e  473, e Vol. IV, pág. 475): Casou  em segunda  núpcias  com  MARCOS  DANTAS DA CUNHA, natural da  Paraíba, e foram  pais de:

PN.01- ANTONIO DANTAS DE BARROS, natural da  Paraíba. Casou  com  IGNEZ, filha  do  Cel. Pedro da  Silva  Cardoso. Foram  pais  de:

Sexto-Neto  01- PEDRO DE BARROS DANTAS -  . Assentou  Praça  em  27.07.1789, e  era  morador  na  Ribeira  do Assu, tinha  45 anos  de idade, Branco, casado,estatura  ordinária,barba fechada, olhos azuis, cor  rosada, testa  grande.  Foi  pai  de  Joaquim  de  Barros  Franco, que  em  1789  tinha  12 anos de idade, quando assentou  Praça.

PN.02- Capitão-Mór  FRANCISCO DANTAS  CAVALCANTI -  Casou no  Assu  com  ANA  MARIA DE SANTIAGO, filha do  Capitão Antonio  Cabral de  Macedo  e  Josefa  Martins de  Sá (Esta  filha  do  Capitão-Mór  José  Ribeiro  de  Faria,português, e  de  Joana  Martins de  Sá. (Fonte: Livro "Documentos do Arquivo - Ptes. de  Províncias - Vol. II, págs. 43 a 45 - Secretaria  do  Governo de  Pernambuco - Recife  1943).  Foram  pais  de:

Sexto-Neto  02-  ANTONIO DANTAS  CAVALCANTI - Casou com MARIA  JOSÉ  DE  MENEZES, sobrinha  do famoso  Padre  Francisco  Corrêia  Telles de  Menezes, que faleceu e foi  sepultado  no  ano de  1845, com a  idade  de  100  anos.  Foram  pais  de:  Manoel  Ignácio  Cavalcanti, Pedro de  Barros  Cavalcanti, Antonia, Antonio e  Manoel  Corrêia  Telles, que por sua  vez  foi  o  pai  do  General  José  Corrêia  Telles (1835-04.01.1897. (vide  livro "O  RN  NA   GUERRA  DO  PARAGUAI" - Adauto da  Câmara - pág. 82).

Sexto-Neto  03- BERTULEZA  DANTAS CAVALCANTI - Casou  com o Capitão  MANUEL VARELA BARCA (0 1º deste nome), natural do  Cabo-PE, filho  legítimo  de  José  Varela  Barca (Português)  e de  Brites  Paes  Barreto.  Manuel  casou  em  primeira  núpcias  com  LUZIA  FLORENCIA DA  SILVA, filha  do  Capitão-Mór  João  Ferreira da  Silva, falecido em  sua fazenda  "São Lourenço"  das  Várzeas  do  Apodi  a  05.02.1788, e de  Brites  Maria de  Melo. Com descendência. Casou  em  2º   núpcias  com  Francisca  Ferreira  Souto, e  em  3º   núpcias  com  BERTULEZA.  Manuel  e  Bertuleza  foram  pais  de:
- FRANCISCA  FERREIRA  SANTOS  -  Casada  com  João  Pio  Lins  Pimentel.
- DOMINGOS  VARELA BARCA.
- ROSA  FRANCISCA  FERREIRA.
- MANUEL VARELA  BARCA  (2º)  - Pai de  Maria  Beatriz  Paes  Barreto, casada com Manuel  de  Melo  Montenegro  Pessoa,  e  de  Maria  Francisca  Silvina, casada  com  João  Rodrigues da  Costa  Júnior. (FONTE: Vide  livro  "VELHOS INVENTÁRIOS  DO  OESTE  POTIGUAR" - Pág.16 - Marcos  Antonio  Filgueira -Coleção Mossoroense - Série  C - vol. 740 - ano  1992.

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