domingo, 26 de fevereiro de 2017

Histeria coletiva versus amnésia seletiva

Por Marcos Pinto

O     período     momesco     foi, é,     e     sempre     será     o período     mais  propício  para  os prefeitos  e  governadores  massagearem  o  ego  da  plebe  ignara, contando   com a  colaboração  de suas  forças  de  mídia, distorcendo os fatos e  a realidade. O  povo  encarna perfeitamente  a  figura  do  bobo  da  Corte. No  decurso  do  carnaval  há  um  intenso  e  imensurável  conúbio  do  silêncio da  conivência  com os  fatos  que  instigam  o  caos  social  em  estado  de  metástase, principalmente na  saúde  e  segurança  pública.

Ajustam     o  retrovisor   com  precisão  cirúrgica, para  focar  exatamente  no  ponto  cego  da  efêmera  ilusão  momesca, criando  um  clima   adequado  para  a  disseminação  da  estratégica  desculpa  esfarrapada.  Há     como    que um  surrealismo  dominante  da  ilusória  alegria,  correndo  célere  para  o  estuário   da  histeria    coletiva, acompanhada  por  danosa  amnésia  seletiva.  Tudo  efeito  repleto  de  ilusão.

No  meio  desse  alinhavado  cenário, o  medo  e  a  Angústia  dos  dias  tumultuosos  e  violentos  dos   assaltos  e  crimes   hediondos  são  pisoteados  por  manobras  estratégicas,  que  por  sua   produzem  uma  fantasia  enganosa  de  equilíbrio  do  custo  de  vida  e  da   falsa   tranquilidade  das  ruas.  Divorciam-se     dos  saudáveis   hábitos  da  prevenção  e  do  comedimento.  Encenam  de  forma  exímia  a  coreografia  da  madrugada  dos  vira-latas,  ampliando  o  pecado  capital  arrimados na   devassidão  dos  desvios  sexuais, além de  se  sentirem  tutelados  pela  rubrica  da  alegada  normalidade.

Potencializa medíocres  ações  emergenciais  adormecidas  em  hábitos  e  manias  pretéritas.  A  contratação   de  bandas  e  trios  elétricos  pagos  sob  estipulação  de  preços  superfaturados  reflete  o  empenho  sub-reptício  desses  gestores   em  persuadir  e  aliciar  a  população  usada  como  elemento  de  marketing  enganoso  e  massa  de  manobras  nada  republicanas.  Consolidam  conquistas  eleitorais  e  instigam  indecisos  e  obedientes  a  participarem,  cerrando  fileiras  no  famoso  “cordão  dos  puxa-sacos”.

É muito  ludibrio  concentrado.  São  gestores  que  esboçam  pérfidos  sorrisos  quilométricos -  os  famosos  sorrisos  de  orelha  à  orelha.  Nessa  empreitada,  escondem  de  forma  sutil  um  maquiavélico  coração.  Sorrisos  que  representam  mais  esgares  de  hienas  famintas  do que   propriamente  lampejos  de   felicidade.

Eis  que  na  frívola   ostentação  da  vivência  carnavalesca,  o   desfecho  da  azáfama   deixa  um  logro   de  amargo   tormento,  evidenciando  que   não  há  mais  tempo  para  corrigir  o  prumo, achar  o  seu  norte, caminhar  sem  sobressaltos.  Das   muitas  andanças  e   desvios  éticos   e  etílicos  dos  foliões, resta-lhes  pesados  contratempos.

Porque   não  esperou  pelo  tempo,  que  é  mestre  na    escola  da  vida, que  tudo  apura ?.  Com   cega   precipitação,  abraça  a  mentira, virando  as  costas  à  verdade, atropelando  a   suposta  inocência.  Comedido   e  às  vezes  apaixonado, assiste-lhe  grande  confiança  para  se  defender  sofrendo, tendo  por  amas  a  tranquilidade  e  por  escudo  o  silêncio  dos  arrependidos.   Termina  se  sobressaindo  o  errado  e  o  caricato.

Percebe-se  no  comedimento  muita  ciência  e  discrição  nas  coisas  de  Deus, do  crédito, da  reputação  e  da  honra.  Como  é  gratificante  a  convivência  com  espíritos  elevados,  de  ardentes  caridades, de  suma  honestidade, austeras  penitências  e  profunda  humildade.  Tenhamos inteligência  para  considerar  e  juízo  para  deliberar.  Inté.

Marcos Pinto é advogado e escritor

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