El País Xosé Hermida
O Governo do
Brasil joga seu futuro nos próximos dias. Atingido pelos escândalos de
corrupção e em queda nas pesquisas, o presidente
Michel Temer aposta tudo num frenético calendário legislativo, com
as reformas
trabalhistas e previdenciária em destaque na última tentativa de
recuperar um mínimo de credibilidade para o seu mandato. Os sindicatos e a
oposição decidiram desafiá-lo nas ruas, submetendo-o nesta sexta-feira a uma
prova de fogo com uma greve
geral que obteve apoios inesperados.
“A greve geral de
amanhã pode ser o teste mais difícil do Governo (...)”. Esse tuíte é de quatro
anos atrás e se referia ao mandato de Dilma Rousseff. Seu autor, João
Doria, é agora prefeito de São Paulo pelo PSDB, um dos principais
aliados de Temer. Em seu novo papel, Doria se empenhou tanto nos últimos dias
para garantir o fracasso da greve que chegou inclusive a um acordo com empresas
de táxi para transportarem de graça os funcionários municipais que queiram
comparecer ao trabalho.
O que valia em
2013 para o Governo de Dilma também vale agora para o de Temer. A greve
convocada é um teste decisivo que pode marcar o futuro de um presidente que, em
seus nove meses no cargo, enfrentou uma corrida de obstáculos da qual, até
agora, saiu incinerado. Uma pesquisa de opinião divulgada nesta semana pelo
instituto Ipsos indica que apenas 4% dos brasileiros apoiam o Governo – que se
apresentava como o salvador do país frente à crise econômica e às suspeitas de
corrupção que sacudiam o PT após 13 anos no poder. A economia parou de cair, e
todas as previsões são de que o PIB do Brasil crescerá levemente este
ano, após
despencar 3,8% em 2015 e 3,6% em 2016. Mas a situação política
continua piorando de forma irremediável.
Além da exibição
de poder sindical, o protesto de hoje será o primeiro termômetro para medir,
nas ruas, o impacto da difusão pública da “delação do fim do mundo”. As
revelações dos executivos da Odebrecht voltaram a atingir duramente o PT e seu
líder, o ex-presidente Lula, mas minaram todo o sistema político. O
Governo tem oito ministros investigados pelo Supremo Tribunal Federal, e
o próprio Temer só se livrou graças à proteção legal conferida pela
Constituição, embora a Procuradoria Geral da República tenha constatado a
existência de indícios contra ele.
A reação de Temer
à investida judicial tem sido uma tentativa de enterrar a corrupção acelerando
um plano de reformas econômicas para satisfazer os únicos apoios que o Governo
tem fora da base da Câmara e do Senado: os grandes setores empresariais e as
instituições econômicas internacionais, como o FMI.
A recente visita
ao país do primeiro-ministro espanhol, o direitista Mariano Rajoy, primeiro
mandatário europeu a estender a mão a um Temer com escassa ajuda de governos
estrangeiros, serviu para ilustrar o tamanho da aposta. Temer proclamou que sua
inspiração são Rajoy e suas reformas. De fato, os dois políticos são unidos por
muitas coisas: ambos foram salpicados por escândalos de corrupção, chegaram ao
poder em meio a crises econômicas e implementaram reformas profundamente
impopulares. O
espanhol se permitiu sugerir a Temer que ignore as ruas, esqueça os
possíveis danos eleitorais e prossiga contra todas as dificuldades. Mas há uma
diferença essencial entre Rajoy e Temer: o espanhol chegou ao poder pelas
urnas; já o brasileiro, por uma manobra política parlamentar contra o Governo
do qual ele próprio era vice-presidente.
Os riscos para
Temer são enormes. O Brasil é um dos países americanos com maior tradição
sindical. A primeira greve geral remonta a 1917, e há 73 anos o então
presidente Getúlio Vargas aprovou a Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT),
até agora considerada quase intocável. Até mesmo um sindicalista sem formação
acadêmica, Lula, conseguiu no início deste século alcançar a presidência do
país. Além dessas raízes históricas, a greve convocada alcançou apoios que
extrapolam o mundo sindical. Teve adesão de várias categorias: de professores
de colégios de elite a certos bispos, depois das críticas feitas pela
hierarquia católica brasileira às reformas de Temer e da carta enviada
pelo papa
Francisco ao presidente, reprovando alguns aspectos de sua
política. No mínimo, a paralisação do transporte – inclusive aéreo – parece
garantida nas maiores cidades. Entre os que participam do protesto, há também
aliados políticos de Temer. E esse é agora o seu principal problema. Embora na
quarta-feira ele tenha conseguido aprovar inicialmente na Câmara a reforma
trabalhista, a primeira grande modificação das velhas normas da época de
Getúlio, houve algumas deserções entre os partidos que o apoiam. Nesta quinta,
um dos caciques do PMDB rebelados contra o Governo, Renan Calheiros, voltou ao
ataque e ameaçou bloquear o projeto no Senado. Para conseguir avançar com sua grande
aposta, a reforma previdenciária, Temer precisa de uma maioria de três quintos
da Câmara. Não será fácil, sobretudo se a greve tiver sucesso e exercer maior
pressão sobre os parlamentares da base aliada que hesitam em dar o voto
favorável ao projeto. A questão da Previdência é essencial para Temer não
acabar perdendo toda a credibilidade. E para o Governo respirar um pouco neste
ano e meio que ainda falta para as eleições presidenciais de 2018.
Um comentário:
Esta greve de hoje nao é contra temer e sim contra todos nós sao os pelegos dos sindicatos indignados porque a cãmara derrubou o imposto sindical obrigatório algo que estes pelegos das centrais sindicais que nao trabalham e odeiam quem ainda trabalha como pode fazer manifestaçoes em dias úteis véspera de um feriado nacional. E o outro propósito é defender lula contra a prisao, como podem defender um fora da lei que nao respeita leis se acha um deus, e o pior ainda tem gente que o defende e diz que vai votar nele, e o pior acha-se no direito de criticar um juiz e mpf correto que apenas cumprem seus papeis.A maioria dos brasileiros sao contra a reforma da previdencia que apenas pune os trabalhadores, porque a cut e outras categorias nao fez manifestaçoes quando lula dilma fizeram reformas na previdencia quando vetaram a derrubada do fator previdenciário, lógico porque era o pt que fez porque nao fazem protestos aos domingos sendo assim iria mais gente que hojetrabalha e nao causaria transtorno nas pessoas.
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