terça-feira, 18 de abril de 2017

Por que Temer não demite os ministros acusados de corrupção?

Nas conversas com interlocutores próximos e nas entrelinhas das últimas entrevistas, Michel Temer vem mostrando que já trabalha com a possibilidade de a Lava Jato ejetar alguns de seus ministros mais queridos e próximos, como Eliseu Padilha, Moreira Franco e Gilberto Kassab, por exemplo.

Presidente Michel Temer
Ao mesmo tempo em que confirma a permanência dos auxiliares até agora citados na lista, com base no critério da denúncia formal, o presidente admite que alguns deles podem se sentir desconfortáveis e pedir para sair antes. E revela, como hoje pela manhã na Jovem Pan, acreditar que algumas dessas denúncias saiam ainda este ano.

Se é assim, uma questão de tempo, por que Michel não se antecipa e afasta alguns auxiliares sobre os quais pesam acusações de corrupção? O ato teria certamente o apoio da opinião pública.

Mas aliados do presidente lembram que esses personagens, pelo menos no caso de Moreira e Padilha, são quase insubstituíveis nas articulações para salvar o governo, sobretudo na estratégia de aprovação de alguma reforma no Congresso para desviar o foco do baixo-astral.

Outro forte motivo, segundo esses interlocutores, é que boa parte desses auxiliares resiste muito à demissão. Não querem perder o foro privilegiado e ir parar nas mãos do juiz Sergio Moro, com certa razão. E o cordial e educado Michel detesta esses constrangimentos de ter que correr com alguém de seu governo.

Tudo isso conta muito, mas a razão principal, de fundo, pela qual Michel Temer não toma a iniciativa de afastar os oito ministros da lista de Fachin da Esplanada, e prefere enfrentar o desgaste de sua permanência, é de outra ordem. Se demitir ministros acusados, Temer perderá os anteparos e os argumentos. Vai ficar difícil explicar ao cidadão comum por que ele, também citado na lista, não será demitido.

Fica muito mais fácil, para o Planalto, jogar no colo da PGR e do STF – que constitucionalmente não pode investigar o presidente da República – a decisão sobre qual ministro vai cair primeiro.


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