Nas conversas com
interlocutores próximos e nas entrelinhas das últimas entrevistas, Michel Temer
vem mostrando que já trabalha com a possibilidade de a Lava Jato ejetar alguns
de seus ministros mais queridos e próximos, como Eliseu Padilha, Moreira Franco
e Gilberto Kassab, por exemplo.
Presidente Michel Temer |
Ao mesmo tempo em que confirma a permanência dos
auxiliares até agora citados na lista, com base no critério da denúncia formal,
o presidente admite que alguns deles podem se sentir desconfortáveis e pedir
para sair antes. E revela, como hoje pela manhã na Jovem Pan, acreditar que
algumas dessas denúncias saiam ainda este ano.
Se é assim, uma questão de tempo, por que Michel não se
antecipa e afasta alguns auxiliares sobre os quais pesam acusações de
corrupção? O ato teria certamente o apoio da opinião pública.
Mas aliados do presidente lembram que esses personagens,
pelo menos no caso de Moreira e Padilha, são quase insubstituíveis nas
articulações para salvar o governo, sobretudo na estratégia de aprovação de
alguma reforma no Congresso para desviar o foco do baixo-astral.
Outro forte motivo, segundo esses interlocutores, é que
boa parte desses auxiliares resiste muito à demissão. Não querem perder o foro
privilegiado e ir parar nas mãos do juiz Sergio Moro, com certa razão. E o
cordial e educado Michel detesta esses constrangimentos de ter que correr com
alguém de seu governo.
Tudo isso conta muito, mas a razão principal, de fundo,
pela qual Michel Temer não toma a iniciativa de afastar os oito ministros da
lista de Fachin da Esplanada, e prefere enfrentar o desgaste de sua
permanência, é de outra ordem. Se demitir ministros acusados, Temer perderá os
anteparos e os argumentos. Vai ficar difícil explicar ao cidadão comum por que
ele, também citado na lista, não será demitido.
Fica muito mais fácil, para o Planalto, jogar no colo da
PGR e do STF – que constitucionalmente não pode investigar o presidente da
República – a decisão sobre qual ministro vai cair primeiro.
por Helena Chagas
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