Não
se derruba um presidente da República sem que as forças políticas tenham se
acertado antes em torno de quem vai ficar em seu lugar – quem e para fazer o
quê. É justamente essa articulação, que os políticos da base governistas
começam a fazer pelos cantos, mas de forma ainda incipiente, que o presidente
Michel Temer quer evitar. Sabe que, quando houver um consenso mínimo em torno
de um nome para ser eleito indiretamente pelo Congresso, está perdido.
Presidente Michel Temer. |
A sorte de
Michel, por enquanto, é que isso ainda não aconteceu. Mas até quando? O
Planalto melou, por exemplo, a reunião que estava marcada para este domingo à
tarde entre as cúpulas do PSDB, comandado agora por Tasso Jereissati, e do DEM,
por José Agripino. Constrangeu os dois convidando-os para o encontro à noite no
Alvorada. Da mesma forma, tentou carimbar como aliados outros parlamentares da
base que, em outras reuniões para discutir o futuro com seus pares, poderiam
passar como conspiradores.
A estratégia de
Michel é segurar a possível debandada até quarta-feira, dia em que o STF
julgará seu pedido de suspensão do inquérito recém-aberto no STF. Até lá,
haverá pressão máxima também sobre os ministros para reunir os seis votos
necessários para isso. E até lá os tucanos, os democratas e outros aliados vão
manter a compostura e evitar vazamentos públicos da discussão de nomes.
Apesar dos
cuidados redobrados dos aliados para não ferir Temer, é evidente que a
discussão corre solta nos bastidores, e os personagens mais citados têm sido
Carmem Lucia, Rodrigo Maia, Tasso Jereissati, Henrique Meirelles e Nelson
Jobim, cada um com seus prós e contras.
Como quem vai
votar são os parlamentares, muita gente acha que a presidente do STF tem pouca
chance. Nessa linha, cresce Rodrigo Maia, mas ele pode ser abatido por estar
sendo investigado na Lava Jato. Tasso tem o respeito geral, mas como tucano
pode não unir o PMDB, cuja perda será grande. Meirelles é o sonho de consumo
das forças que querem sinalizar a manutenção da agenda econômica. Mas até pouco
tempo atrás trabalhava no grupo J&F. Resta o peemedebista e ex-integrante
das cúpulas dos três poderes Nélson Jobim. Ele pode ser o cara.
Por Helena Chagas
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