Como reação política, o pronunciamento de Michel Temer
neste sábado tem o efeito positivo de avisar aos navegantes de sua base que ele
pretende lutar para ficar no cargo – e, quem sabe, segurar ou adiar a debandada
de alguns. Trata-se, porém, de uma faca de dois gumes, antecipando uma
manifestação do STF que pode – ou não – representantar uma pá de cal em seu governo
no Supremo.
Afinal, o ministro Edson Fachin, que nada faz sem o
respaldo da presidente Cármen Lúcia, acolheu em parte a petição do presidente
ao determinar que seja realizada a perícia demandada nas gravações de Joesley
Batista. Apontar a adulteração da gravação “clandestina” passou a ser um dos
principais argumentos de Temer contra a delação da JBS.
Por outro lado, a defesa do presidente da República ousou
ao pedir a suspensão do inquérito aberto contra ele até que se chegue a uma
conclusão sobre a autenticidade das gravações. O erro pode estar aí. Fachin
decidiu não decidir sozinho e vai levar o assunto ao plenário do STF na próxima
quarta.
Embora se trate de uma decisão preliminar sobre um
inquérito, os 11 ministros do STF estarão, na quarta-feira, tomando uma decisão
que pode significar vida ou morte para o governo Temer. Uma eventual rejeição
do pedido para suspender a investigação poderá ser a sinalização para a
debandada definitiva dos aliados do governo e a antecipação do fim.
Por Helena Chagas
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