O presidente Temer não jogou a toalha, ontem, no
pronunciamento à Nação, porque, como jurista e conhecedor da lei e do tempo
político, sabe que esta decisão terá que ser amadurecida para ser tomada em
outro tempo, que não deve demorar. Os áudios liberados, ontem, pelo Supremo,
comprovam o envolvimento do presidente da República em atos de obstrução da
Justiça com o objetivo de afastar qualquer investigação e de eliminar a sua
ligação com Eduardo Cunha.
Cada dia, entretanto, que Temer permanecer à frente do
País aprofundará a crise econômica e a instabilidade política. Ao se agarrar ao
poder, o presidente tem dois objetivos: primeiro, se proteger das consequências
criminais que pesarão contra ele quando deixar a Presidência e, segundo, ganhar
tempo para conduzir o Congresso a uma eleição indireta em que ele eleja o
próximo presidente.
A não renúncia tem o sentido da preservação desse
guarda-chuva protetor do foro privilegiado. É ruim para o País, agrava a crise.
São inevitáveis dois processos. O processo penal no Supremo e o processo de
impeachment no Congresso. A nação continuará sangrando com a sua decisão.
Alguns poderão dizer que faltou grandeza ao presidente Michel Temer de
renunciar e refazer o pacto na condução da crise econômica, mas o que ele fez
foi se preservar.
Por Magno Martins
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