Por Marcos Pinto
O contexto existencial humano se nos apresenta cheio de
nuances que exigem decisões prontas, inesperadas, fulminantes, atrevidas, fruto
de uma boa têmpera. A afirmativa encontra arrimo nas pessoas que apresentam
sutis fatores comportamentais, que se espraiam sob todos os matizes
patológicos. Deleitam-se com a procissão dos conflitos, das preterições, dos
desejos abafados – São os safardanas.
Recebem os ataques com uma impassibilidade clássica.
Servem-se da intimidade das relações existentes para detectar eventuais pontos
fracos de sua próxima vítima. Cultivam íntimo prazer insidioso, o que os faz
espécies de tênias morais. Como seres da sombra, argumentam sob a tutela de
insinuações, retidos por um sentimento de inferioridade que os impedem de
reconhecerem-se a si mesmos.
Há ainda a tenebrosa característica de que sempre fecham
os olhos para a insânia, a injustiça, o sofrimento e a morte. Cometem
crueldades pelo simples prazer, configurando patologia de portadores de PMD
(Psicose maníaco-depressiva), digna de hospício. Geralmente esses Safardanas
negaceiam. São sinistros e traiçoeiros. Passam pelas alegrias e tristezas
envoltos numa indiferença doentia.
Por essas pessoas poder-se-á afirmar que há na sociedade
retrocessos atávicos notáveis, dado a conjuntura torturante e inconsequente da
mais requintada selvageria – a arte de destruir os outros sob o manto do
silêncio e da traição. Por isso impossibilita as suas vítimas de conceberem,
sequer, a mais rudimentar tática de defesa.
Ante os incautos, agem impulsivamente, numa irreprimível
hipnose de destruição. Quando deparam-se com pessoas sagazes, atentas ao mais
sutil de seus lances, fogem soltando imprecações de angústias e revoltas
irrefreáveis. Não raro, tripudiam sobre as suas presas, posto que arquitetam um
ataque adrede elaborado consoante as condições excepcionais do meio e do
adversário.
Ao leitor amigo forneço o antídoto a ser usado quando
encontrar um Safardana. Lancem mão de uma arma invencível e avassaladora – a
interrogação se o mesmo não é portador de “desconfiômetro” (espécie de instinto
de dedução lógica) que inibia a iniciativa de insanos ataques a outros, que por
sua vez detém insuperáveis arguições de contra-ataques.
Confesso não encontrar no léxico opulento de nossa língua
um termo lídimo para caracterizar bem a ordem de uma refrega que presencie
entre um amigo e um safardana. Quedei-me obediente a essa inusitada fatalidade
incoercível. Esses seres desprezíveis atacam, de preferência, pessoas rudes, em
cujos ânimos combalidos penetram desalentos e incertezas, mobilizando-as. São
pressas fáceis nos liames de seus assédios extravagantes. Atacam de inopino.
Apreciam a farfalhice depreciativa dos bajuladores.
Se eu fiz, um dia, o caminho do confronto com um
safardana, fí-lo como os colegiais, sem atrevimentos perigosos. Ele teve uma
luta a mais, eu tive um inimigo oculto a menos. A convivência humana constitui
um esboço com lances e movimentos grandes mais isolados, dispersos e
dilacerados. É por isso que muitos se extraviaram em caminhos estéreis.
Resignar-se e contemporizar a isso, seria uma deserção.
Quando um sfardana percebe que seu ocaso chega
aceleradamente, diz coisas condenáveis e bem dignas de execração. Só a análise
com acuidade tornará perceptível as manifestações misteriosas, procurando
insistentemente impedir a trajetória natural de alguém que nasceu para o ápice
do sucesso.
Auscultando-se o isolamento em que esses larápios são
relegados, poder-se-ia afirmar que lá ruge-se, geme-se, chora-se, soluça-se,
ulula-se, blasfema-se, pragueja-se e mal-diz-se.
Cuidado! Você poderá ser a próxima vítima de um desses
terríveis eventos que a maldade tece, com aquela persistência que traz o selo
da fatalidade. Alea jacta est! Inté!
Marcos Pinto é escritor
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