domingo, 17 de setembro de 2017

Do cinismo à desfaçatez – rota de fuga

Por Marcos Pinto

O contexto existencial humano se nos apresenta cheio de nuances que exigem decisões prontas, inesperadas, fulminantes, atrevidas, fruto de uma boa têmpera. A afirmativa encontra arrimo nas pessoas que apresentam sutis fatores comportamentais, que se espraiam sob todos os matizes patológicos. Deleitam-se com a procissão dos conflitos, das preterições, dos desejos abafados – São os safardanas.


Recebem os ataques com uma impassibilidade clássica. Servem-se da intimidade das relações existentes para detectar eventuais pontos fracos de sua próxima vítima. Cultivam íntimo prazer insidioso, o que os faz espécies de tênias morais. Como seres da sombra, argumentam sob a tutela de insinuações, retidos por um sentimento de inferioridade que os impedem de reconhecerem-se a si mesmos.

Há ainda a tenebrosa característica de que sempre fecham os olhos para a insânia, a injustiça, o sofrimento e a morte. Cometem crueldades pelo simples prazer, configurando patologia de portadores de PMD (Psicose maníaco-depressiva), digna de hospício. Geralmente esses Safardanas negaceiam. São sinistros e traiçoeiros. Passam pelas alegrias e tristezas envoltos numa indiferença doentia.

Por essas pessoas poder-se-á afirmar que há na sociedade retrocessos atávicos notáveis, dado a conjuntura torturante e inconsequente da mais requintada selvageria – a arte de destruir os outros sob o manto do silêncio e da traição. Por isso impossibilita as suas vítimas de conceberem, sequer, a mais rudimentar tática de defesa.

Ante os incautos, agem impulsivamente, numa irreprimível hipnose de destruição. Quando deparam-se com pessoas sagazes, atentas ao mais sutil de seus lances, fogem soltando imprecações de angústias e revoltas irrefreáveis. Não raro, tripudiam sobre as suas presas, posto que arquitetam um ataque adrede elaborado consoante as condições excepcionais do meio e do adversário.

Ao leitor amigo forneço o antídoto a ser usado quando encontrar um Safardana. Lancem mão de uma arma invencível e avassaladora – a interrogação se o mesmo não é portador de “desconfiômetro” (espécie de instinto de dedução lógica) que inibia a iniciativa de insanos ataques a outros, que por sua vez detém insuperáveis arguições de contra-ataques.

Confesso não encontrar no léxico opulento de nossa língua um termo lídimo para caracterizar bem a ordem de uma refrega que presencie entre um amigo e um safardana. Quedei-me obediente a essa inusitada fatalidade incoercível. Esses seres desprezíveis atacam, de preferência, pessoas rudes, em cujos ânimos combalidos penetram desalentos e incertezas, mobilizando-as. São pressas fáceis nos liames de seus assédios extravagantes. Atacam de inopino. Apreciam a farfalhice depreciativa dos bajuladores.

Se eu fiz, um dia, o caminho do confronto com um safardana, fí-lo como os colegiais, sem atrevimentos perigosos. Ele teve uma luta a mais, eu tive um inimigo oculto a menos. A convivência humana constitui um esboço com lances e movimentos grandes mais isolados, dispersos e dilacerados. É por isso que muitos se extraviaram em caminhos estéreis. Resignar-se e contemporizar a isso, seria uma deserção.

Quando um sfardana percebe que seu ocaso chega aceleradamente, diz coisas condenáveis e bem dignas de execração. Só a análise com acuidade tornará perceptível as manifestações misteriosas, procurando insistentemente impedir a trajetória natural de alguém que nasceu para o ápice do sucesso.

Auscultando-se o isolamento em que esses larápios são relegados, poder-se-ia afirmar que lá ruge-se, geme-se, chora-se, soluça-se, ulula-se, blasfema-se, pragueja-se e mal-diz-se.

Cuidado! Você poderá ser a próxima vítima de um desses terríveis eventos que a maldade tece, com aquela persistência que traz o selo da fatalidade. Alea jacta est! Inté!

Marcos Pinto é escritor

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