O Supremo
Tribunal Federal não é mais tão supremo assim. No longo julgamento de
quarta-feira, a corte estabeleceu
que o Congresso poderá derrubar suas decisões que envolvam parlamentares. O
direito à última palavra, que pertencia aos ministros, foi graciosamente cedido
aos deputados e senadores.
A decisão
significa um alívio para a classe política ameaçada pela Lava Jato. Agora os
investigados poderão se livrar da Justiça sem ter a obrigação de desmentir
gravações, delações e malas de dinheiro. Basta manter o apoio da maioria dos
colegas, que ganharam uma licença para salvar os amigos no plenário.
Ao amputar o seu
próprio poder, o Supremo se curvou aos coronéis do Senado. Na semana passada,
eles se rebelaram contra as medidas que o tribunal impôs
ao tucano Aécio Neves. O motim convenceu a ministra Cármen Lúcia a
negociar. O resultado da negociação é a vitória dos rebelados, com o apoio
decisivo do governo e da presidente do Supremo.
Bernardo Mello Franco - Folha de S.Paulo
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