Estamos ainda a 11 meses das eleições presidenciais, mas,
com um presidente com baixíssima popularidade, com inúmeros políticos envolvidos
em denúncias de corrupção, com as contas públicas desequilibradas e com a alta
taxa de desemprego, é natural que o debate sobre as próximas eleições tenha
sido antecipado.
O enorme aparelhamento do Estado brasileiro –em benefício
de projetos partidários– e a maior recessão da história do país são fatos que
trouxeram importantes lições que devem nortear as escolhas que faremos em 2018.
Apesar de alguns sinais de leve recuperação da economia,
o modelo de Estado que temos hoje está falido e precisa ser revisto. Essa
revisão começa com o diagnóstico, passa pela definição de valores e princípios,
pelo debate de propostas e termina no perfil das pessoas que queremos no
comando, com uma análise das suas competências.
Temos questões práticas a serem resolvidas: quais
princípios irão nortear as nossas decisões? Qual a forma mais eficaz de combate
à pobreza? Qual o modelo de previdência sustentável? Como termos uma
representatividade política adequada? Como manter e aprimorar a independência
entre os Poderes?
As respostas passam, necessariamente, pela definição de
conceitos.
O principal deles é saber qual caminho escolheremos:
acreditar que as pessoas são capazes e responsáveis pelo seu destino ou apostar
em uma classe política superior que, por meio de um Estado intervencionista,
determinará o que devemos, podemos e estamos aptos a fazer.
Sou totalmente convicto de que o caminho para a
construção de um país admirado e com qualidade de vida para todos é o primeiro.
Infelizmente a discussão antecipada sobre 2018 está deixando
esse debate de fora. Ela está muito concentrada na avaliação de nomes, quando
deveria estar – neste momento e nos próximos meses – direcionada ao debate de
ideias.
Ao discutirmos, prioritariamente, a viabilidade eleitoral
de candidatos e não as suas competências para a reforma do Estado brasileiro,
corremos o risco de –mais uma vez – adotarmos uma solução medíocre.
É lamentável que boa parte dos formadores de opinião e da
elite brasileira se mantenha omissa do debate de ideias e continue a adotar o velho
roteiro de procurar alguém que possa assumir o papel de salvador da pátria.
Nesse cenário, a consequência é que vários candidatos
passam a se utilizar das pesquisas, e não mais de suas convicções, para
definirem os seus discursos. Porém, não podemos nos enganar, as suas práticas
serão definidas pelas suas crenças.
A antecipação da discussão sobre o processo eleitoral
deveria ser uma ótima ocasião para refletirmos sobre os valores e princípios
necessários para a construção de um país desenvolvido, seguro e próspero. Não
faltam exemplos pelo mundo.
Não podemos abrir mão dessa oportunidade, cabe a cada um
de nós defender e adotar essa agenda para o Brasil.
Por João
Amoêdo
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