Por
Osvaldo Matos de Melo Júnior*
No Brasil, generalizar virou moda, principalmente quando
é para denegrir.
Policiais são corruptos, médicos são frios e calculistas,
funcionários públicos incompetentes, políticos são ladrões, baianos são
preguiçosos, paulistas são esnobes, sulistas preconceituosos, pernambucanos são
metidos, norte-rio-grandenses abestalhados, cariocas vagabundos, advogados
mentirosos, militares são retrógrados, pobre é mundiça, favela é lugar de
vagabundo, professores são despreparados, esquerda é inútil, direita é
reacionária, heterossexuais são homofóbicos, publicitário é alienado,
evangélico é homofóbico, católico é idolatra, jornalistas são donos da verdade
e brasileiro é burro e adora levar vantagem em tudo.
Imagina se apenas 10% dos policiais fossem corruptos,
teríamos mais de 70 mil agentes armados, com distintivos ou uniformes, viaturas
e poder. Esse seria o 4º Exército mais poderoso da América do Sul. E os outros
90%, cerca de 670 mil seriam todos corruptos também, pois estariam vendo isso
acontecer sem nada fazer.
Será que isso é verdade?
Pensando que a nossa população, hoje, fica em torno dos
207 milhões de habitantes. Coloque essa mesmo raciocínio para os quase 500 mil
médicos, 2,3 milhões de funcionários públicos, os 64 mil políticos, 45 milhões
de paulistas, 16 milhões de baianos, os 3,5 milhões potiguares, os 31 milhões
de sulistas, os 9,5 milhões de Pernambucanos, 16 milhões de cariocas, 1.100 mil
advogados, os 350 mil militares da ativa das Forças Armadas, os 45 milhões de
pobres, os 2,3 milhões de professores, 53 milhões de esquerda, os 43 milhões de
direita, os 200 milhões de heterossexuais, os 30 milhões de evangélicos, os 100
milhões de católicos, os quase 50 mil jornalistas e, para piorar, os 207
milhões de brasileiros.
Basta lembrar que essa mania de generalizar, isso sim, é
coisa de burro, de vagabundo, de esnobe, de preconceituosos, de corruptos, de
metidos, retrógados, mundiça, de pessoas frias e calculistas, inúteis, reacionários,
metidos a donos da verdade, preguiçosos, lentos das ideias, idolatras de mitos
sem cultura e irresponsáveis, de gente que só olha para o que quer ver.
É de uma burrice intensa a generalização e a falta de
conhecimento do que esses profissionais e nosso povo passam para poder viver e
desempenhar suas funções, tão vitais para nossa Nação, em um Estado
desorganizado, com tantas injustiças, remendos, falta de planejamento, com
recursos vilipendiados a olhos vistos, desprezados e colocados em situações extremas
praticamente durante toda a vida. Todos são vítimas desses pensamentos de uma
minoria que detêm o poder e usa isso para manipular e tentar manter todos como
reféns de um sistema que beneficia poucos e mutila muitos.
Quem generaliza é que são os verdadeiros cupins da nossa
amada Nação, tão rica e abençoada que um dia aprenderá a expurgar essa praga.
*Pernambucano,
sociólogo e publicitário
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