O presidente nacional do PMDB, senador Romero Jucá (RR),
anunciou, ontem, que os dirigentes da legenda decidiram rebatizar a sigla com
seu nome original: MDB – “Movimento Democrático Brasileiro”. Na prática, o PMDB
apenas perderá o "P" de sua sigla, que se refere a
"partido". A troca de nome é parte de um movimento que inclui outras
legendas para tentar modernizar os nomes das siglas antes das eleições de 2018.
A iniciativa é efeito do desgaste do meio político nos
últimos anos por conta de revelações de esquemas de corrupção, como o
investigado pela Operação Lava Jato. A alteração deve ser colocada em votação
na convenção nacional da legenda, em 27 de setembro. Segundo Jucá, a mudança de
nome já foi comunicada, ontem mesmo, ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE),
mesmo antes de a proposta ser analisada em convenção.
"Quero rebater críticas de que o PMDB estaria
mudando de nome para se esconder. Não é verdade. Estamos resgatando nossa
memória histórica. Queremos realmente ganhar as ruas. Nós vamos ter uma nova
programação, bandeiras nacionais", explicou. O PMDB estudava resgatar o
nome desde o fim de 2016. Até então, alguns legendas também optaram por mudar a
sigla para se descolar da atual crise política e se aproximar dos eleitores.
Tirar ou acrescentar uma letra a um partido do tamanho do
PMDB e da sua história é irrelevante, porque o que macula a legenda, hoje, não
é a sua nomenclatura, mas os seus quadros. O MDB que Jucá propôs retomar tem
puro oportunismo eleitoral. Em seus quadros, políticos sujos, fisiológicos e
envolvidos em maracutaias querem usar o manto de uma sigla histórica como tábua
de salvação.
Acha Jucá que livrar o partido da letra P será o mesmo
que lavar as impurezas da alma dos seus filiados, hoje mergulhados num poço
fétido, enlameado pela corrupção. Está enganado. O problema do partido, hoje,
está nos seus quadros. O PMDB está mais sujo do que pau de galinheiro, virou
uma legenda cartorial, um partido onde o caciquismo e as negociatas se impõem.
Seus históricos, que foram às ruas combater a ditadura e
do velho MDB se orgulham, como Jarbas Vasconcelos, Pedro Simon viraram peças
decorativas, sem voz nem comando. O MDB de verdade, das lutas gloriosas, foi
fundado em 24 de março de 1966, em oposição à Aliança Renovadora Nacional
(Arena), o partido de sustentação do regime militar, que derrubara o governo de
João Goulart em 31 de março de 1964. A agremiação política era composta por
políticos vindos de partidos extintos pela ditadura, entre eles, o PTB,
majoritário, e dissidentes do PSD.
Em seus primeiros anos, o MDB foi considerado oposição
tolerada porque, de certa forma, sua existência dava legitimidade ao sistema
controlado pelos militares. Apesar da pressão do regime, o MDB avançou,
assumindo postura combativa. Em 1973, Ulysses Guimarães e Barbosa Lima Sobrinho
formaram uma chapa, como anticandidatos à Presidência, para protestar contra o
escolhido pela ditadura, o general Ernesto Geisel.
Para deter o avanço da oposição, no dia 13 de abril de
1974, Geisel fechou o Congresso Nacional por duas semanas e, nesse vácuo,
outorgou um conjunto de leis, o Pacote de Abril, constituído de uma emenda
constitucional e seis decretos-leis. Mesmo assim, o PMDB conseguiu expressiva
vitória no Senado e na Câmara, superando a Arena. Reelegeu Franco Montoro para
o Senado, pelo voto popular, enquanto a Arena conseguiu emplacar o senador
Amaral Furlan, escolhido pelo colégio eleitoral.
Por ter discursado contra as decisões tomadas por Geisel,
o líder do MDB na Câmara dos Deputados, Alencar Furtado (CE), teve seu mandato
cassado em junho de 1977. O fim do bipartidarismo, em 1979, levou à
reorganização do quadro partidário. Em 1980, surgiu o PMDB que, já na primeira
eleição estadual, em 1982, elegeu nove governadores.
Por Magno Martins
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