Eu tenho muitas dúvidas. Muitas mesmo.
Questões que batucam na minha cabeça todos os dias quando
leio jornais e revistas.
Por exemplo:
Quem é que manda na coisa toda por aqui, afinal? Executivo,
Legislativo ou Judiciário?
Eu sei. Você vai dizer que numa democracia todos os
poderes têm sua importância. Mas, convenhamos, toda orquestra tem um único
maestro. Então alguém tem que assumir esse nosso rojão.
Se fossemos um país parlamentarista, seria de se imaginar
que o Parlamento fosse o manda-chuva. Se fossemos uma monarquia, o rei.
É muita ingenuidade minha achar que, no presidencialismo,
o presidente deveria poder decidir uma ou outra coisa ao invés de cuidar de sua
própria permanência no cargo?
Porque aqui no nosso País, meu amigo, o presidente só
pensa nisso. E não é de hoje. Aliás, essa é a maior fonte de problemas dos últimos
anos e ninguém está nem aí.
Estamos à mercê de uns presidentezinhos mequetrefes faz
tempo. Como não mandam nada, precisam trocar favores com o Congresso.
Favores, leia-se malas de dinheiro.
Favores, leia-se mensalões.
Favores, leia-se cargos.
Presidentezinhos que se reúnem com empresariozinhos fora
da agenda assim, nas nossas barbas.
É normal isso no resto do mundo? Ô dúvida!
Então, já que o Executivo não manda patavina, quem deve
mandar é o Congresso Nacional, não é mesmo?
É muita ingenuidade minha achar que deputados e senadores
estão lá para definir quais os caminhos que o País vai tomar e que farão isso
de forma isenta, sem conchavos ou favorecimentos, tendo o bem-estar do povo
como meta?
Porque aqui no nosso País, meu amigo, um senador pega
dinheiro emprestado de um empresário, na calada da noite, para pagar o advogado
que o defenderá assim, nas nossas barbas.
E segue o enterro porque o sujeitinho já está de volta ao
Senado, mandando e desmandando. Isso porque é melhor nem perguntar quando foi a última vez que o Congresso
simplesmente legislou com a consciência e não motivado por interesses pessoais.
É normal isso no resto do mundo. Ô dúvida!
Então, se temos um presidente de araque, que só fala
“interessante… interessante” para tudo, e se temos um Congresso descolado dos
interesses do povo, boa parte do tempo legislando em causa própria, é de se
imaginar que a solidez, as colunas de sustentação do País estejam nas mãos do
Judiciário.
É muita ingenuidade minha achar que os juízes de todas as
instâncias deveriam estar acima do bem e do mal, aplicando a Justiça doa a quem
doer?
Porque aqui no nosso País, meu amigo, um ministro da mais
alta instância inocenta o presidente da República por ter sido eleito com caixa
dois, ignorando provas inequívocas.
Esse mesmo magistrado liberta o pai da noiva de quem foi
padrinho de casamento. Tem mais.
Uma desembargadora liberta o filhinho traficante preso em
flagrante.
E, finalmente, na semana passada, um juiz fez a
atrocidade de libertar um maluco que ejaculou numa mulher dentro de um ônibus,
tudo assim, nas nossas barbas.
Nesse último caso, o juiz alegou que não houve violência.
Um sujeito com 17 ocorrências de estupro e atentado ao
pudor.
É muita ingenuidade minha achar que ejacular no pescoço
de alguém, num ônibus, é um ato de extrema violência?
É muita ingenuidade minha ter tantas dúvidas?
Eu sei que se a gente procurar, é bem provável que
encontre casos parecidos com esses em outros países. Mas todos esses casos num
país?
Presidente que encontra amiguinhos em segredo, senador
que pega dinheiro de empresário, juiz que solta malucos para voltarem a cometer
seus crimes, tudo isso num único país, duvido que você encontre.
Mas sei lá. É só mais uma dúvida que tenho.
Por Mentor Neto
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